O conselho da cidade portuária de Mariupol, um importante ponto estratégico do Mar de Azov (que banha tanto a Ucrânia quanto a Rússia), afirmou que as forças russas bombardeiam de maneira constante e deliberada as infraestruturas civis vitais da cidade ucraniana, deixando seus habitantes sem água, aquecimento ou energia e impedindo o fornecimento de suprimentos ou a saída de pessoas.
"Eles estão quebrando os suprimentos de comida, nos colocando em um bloqueio, como na antiga Leningrado" , disse o conselho em um comunicado, referindo-se ao prolongado cerco da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial à então cidade soviética agora conhecida como São Petersburgo, em que mais de 1,5 milhão de pessoas morreram.
"Deliberadamente, por sete dias, estão destruindo a infraestrutura crítica de suporte à vida (de Mariupol). Não temos luz, água ou aquecimento novamente" , disse o conselho.
O orgão afirmou que tem o objetivo de criar um corredor humanitário para Mariupol, além de tentar restaurar a infraestrutura da cidade portuária.
"Mariupol continua sob fogo. Mulheres, crianças e idosos estão sofrendo. Estamos sendo destruídos como nação. Isso é um genocídio do povo ucraniano" , disse.
Apesar disso, a nota ressalta que a Rússia " fez pouco progresso discernível em mais de três dias. Apesar dos bombardeios russos pesados, as cidades de Kharkiv, Chernihiv e Mariupol continuam em mãos ucranianas."
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Enquanto as denúncias acontecem, forças pró-Moscou ameaçam Mariupol, dando um ultimato às suas autoridades, segundo informações de agências russas.
Forças separatistas pró-Rússia podem lançar uma ofensiva destrutiva contra a cidade, a não ser que as forças ucranianas se rendam, publicou a agência de notícias Interfax, citando o comandante separatista de Donetsk, Eduard Basurin, nesta quinta-feira (3).
A Rússia e os separatistas afirmam ter cercado a cidade de 430 mil habitantes. O cerco seria parte da nova estratégia do Kremlin, de realizar uma invasão militar mais longa, dura e destrutiva na Ucrânia.
Mariupol é um importante centro comercial da Ucrânia sempre teve um papel significativo na economia do país. A cidade foi o centro de uma intensa disputa no começo da Guerra de Dombas, em 2014 — quando chegou a ficar sob o controle dos separatistas de Donetsk até ser recuperada pelo governo central ucraniano.
A população da cidade é majoritariamente de língua russa. Ela foi ocupada por nazistas de 1941 a 1943 e ficou praticamente destruída após a guerra, até ser reconstruída pela União Soviética.
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