O governo dos EUA anunciou um novo pacote de sanções que tem como alvo a elite da Rússia, com o congelamento de bens de sete oligarcas e seus parentes em solo americano e o veto à entrada de quase 70 pessoas no país. Além dos bilionários, a lista inclui ainda o secretário de Imprensa do Kremlin, acusado de ser um "propagador" de informações falsas vindas do governo.
"Esses indivíduos enriqueceram às custas do povo russo, e alguns deles elevaram seus parentes a posições de alto escalão. Outros estão no comando das maiores empresas da Rússia, e são responsáveis por fornecer os recursos necessários para apoiar a invasão da Ucrânia por Putin", diz o texto.
Entre os incluídos na lista do Departamento do Tesouro está Alisher Burhanovich Usmanov, um dos homens mais ricos da Rússia e com uma fortuna estimada em US$ 18 bilhões, obtida com empresas em setores como a metalurgia, telefonia celular e que, até terça-feira, era o presidente da Federação Internacional de Esgrima. Usmanov já apareceu na lista de sanções emitidas pela União Europeia no começo da semana, e teve confiscados seu iate, avaliado em quase US$ 600 milhões, na Alemanha, e seu igualmente milionário jato particular.
Outro a ser mencionado é o bilionário Igor Shuvalov, presidente do banco de investimento VEB e ex-vice-premier nos governos de Dmitri Medvedev e Vladimir Putin. Tal como Usmanov, ele também havia sido incluído na lista de sanções da União Europeia e do Reino Unido.
Chamou a atenção a presença do secretário de Imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov — de acordo com a Casa Branca, o onipresente porta-voz da Presidência é um dos principais responsáveis por propagar o discurso oficial do governo russo, chamado de "propaganda" pelos EUA. Assim como os demais citados, terá seus bens em solo americano bloqueados e não poderá viajar para o país. Ele ainda não se pronunciou.
"Como disse o presidente Biden, vamos continuar a trabalhar com nossos aliados e parceiros para responsabilizar todos os oligarcas russos e líderes corruptos que estão lucrando com esse regime violento", diz o comunicado, que também confirma que 19 oligarcas e 47 de seus parentes não poderão mais entrar em solo americano.
A adoção de sanções pelos EUA, em coordenação com aliados como a União Europeia, Reino Unido e Canadá, vem sendo uma das principais ferramentas de pressão sobre o governo russo para interromper a invasão da Ucrânia. Nos últimos dias, foi confirmado que instituições financeiras russas serão cortadas do sistema de pagamentos internacionais Swift e que não serão mais realizadas transações com o Banco Central russo, afetando sua capacidade de acessar reservas internacionais. Como resultado, o rublo sofreu uma severa desvalorização, e houve corrida a bancos para sacar dinheiro horas depois do anúncio das medidas.
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Sem resultados práticos por parte da Rússia, Biden sinalizou que poderá ampliar o escopo das sanções, e isso inclui atingir pessoas próximas a Putin, como os oligarcas e o próprio Peskov.
— Queremos que ele [Putin] sinta a pressão, queremos que as pessoas ao seu redor sintam a pressão — disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
Também nesta quinta-feira, promotores de Nova York apresentaram denúncia contra um produtor de TV de violar as regras de sanções relacionadas à anexação da Crimeia. Segundo a acusação, John Hanick, preso desde o mês passado em Londres, trabalhou ao lado do oligarca Konstantin Malofeyev na criaçao de canais na Rússia e na aquisição de empresas de comunicação na Grécia e Bulgária.
Malofeyev é acusado de financiar separatistas pró-Rússia no Leste Ucraniano, e ao receber dinheiro do bilionário russo e manter uma relação de trabalho com ele, Hanick teria violado leis federais — os promotores ainda afirmam que ele prestou informações falsas em depoimentos feitos nos ultimos anos. Caso seja extraditado para os EUA, pode ser condenado a mais de 20 anos de prisão.
O anúncio veio um dia depois do Departamento de Justiça anunciar a criação de uma força-tarefa para encontrar e congelar bens de oligarcas russos em solo americano e que estariam ajudando a financiar ao guerra na Ucrânia. O grupo terá como alvo os crimes de autoridades russas e elites ligadas ao governo que tentem violar as sanções.
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