Luan atua pelo FC Volchansk em Kharkiv, no leste da Ucrânia
Reprodução/redes sociais
Luan atua pelo FC Volchansk em Kharkiv, no leste da Ucrânia

Falta de água, frio extremo. Esses foram só alguns dos desafios encontrados por um grupo de jogadores de futebol brasileiros que tentava sair de Kharkiv, no leste da Ucrânia, até a fronteira com a Eslováquia, no último fim de semana. Dias depois, o local se tornaria mais um dos alvos das tropas que avançam sobre o país sob o comando de Vladimir Putin.

Luan Martins, do FC Volchansk, contou à reportagem do iG os detalhes da viagem forçada, que começou logo depois dos primeiros ataques, quando ele ainda dormia no seu apartamento, e durou mais de 32 horas.

"Eu e mais quatro brasileiros, todos do meu time, fomos até a estação de trem - a embaixada brasileira comunicou que sairia um trem no sábado. Nesse trem, fomos até Lviv. No caminho, passamos por Kiev. Até lá foram sete horas", lembra.

"Chegando na capital, precisamos ficar parados por cerca de 10 horas com o trem parado, chegou uma informação que teria um ataque aéreo naquele momento. O trem tinha que ficar totalmente escuro, sem luz, não podia sequer mexer no celular".

Sete horas depois, o grupo chegou a Lviv, de onde embarcaria para Uzhhorod - a cerca de 1,2 mil quilômetros de distância do ponto de partida Kharviv. A cidade, segundo o relato, estava mais calma, e eles já estavam com as passagens em mãos, compradas pelo clube e pelo empresário.

"Em Uzhhorod, partimos para a fronteira com a Eslováquia. Ficamos das 00h até por volta de 9h30 aguardando na fila, com um frio de -4Cº. Para nós, que não estamos acostumados, a sensação é de uns -20ºC. É muito frio."

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Na Eslováquia, um casal acolheu os cinco jogadores, que agora estão em segurança. "Ainda existem pessoas boas", diz, aliviado. Ele afirma que contatos da embaixada estavam presentes tanto na chegada à Lviv quanto em Uzhhorod, dando apoio aos viajantes brasileiros que fogem da guerra.

Para Luan, a demora na viagem do trem e o frio foram as maiores dificuldades do trajeto. "Na fronteira, encontramos uma fila de estrangeiros e o frio congelante", relembra ele, que comemora o fato dos amigos terem conseguido também viajar. "Todos conseguiram sair, graças a Deus".

Desde ontem, quando as tropas tomaram a cidade de Kherson, o cerco contra e Kiev e Kharkiv cresceu. A segunda maior cidade da Ucrânia voltou a ser fortemente bombardeada. Segundo autoridades locais, seis civis morreram, entre eles, duas crianças.

Segundo o alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Fillipo Grandi, em sete dias,  "testemunhamos o êxodo de mais de 1 milhão de refugiados da Ucrânia para os países vizinhos".

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** Filha da periferia que nasceu para contar histórias. Denise Bonfim é jornalista e apaixonada por futebol. No iG, escreve sobre saúde, política e cotidiano.

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