Milhares de ucranianos cruzaram a fronteira para países vizinhos , principalmente Moldávia e Romênia, enquanto a r egião se prepara para receber muitos outros após a invasão da Rússia , informou a agência de refugiados da ONU nesta quinta-feira. Além disso, cerca de 100 mil fugiram de suas casas e estão desalojados no país após a invasão da Rússia.
Shabia Mantoo, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), disse que os números foram compilados a partir de relatórios de autoridades nacionais e seus funcionários e agências parceiras. "É um número aproximado", disse ela à Reuters.
Os países no flanco oriental da União Europeia (UE) já fizeram parte do Pacto de Varsóvia liderado por Moscou e agora são membros da Otan. Entre eles, Polônia, Hungria, Eslováquia e Romênia compartilham fronteiras terrestres com a Ucrânia.
A Alemanha ofereceu ajuda humanitária aos países na fronteira com a Ucrânia. Segundo a mídia alemã, estimativas indicam que entre 200 mil e um milhão de pessoas podem fugir da Ucrânia para a UE.
A Rússia lançou uma invasão total da Ucrânia por terra, ar e mar, o maior ataque de um estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, alimentando temores de uma grande onda de refugiados da Ucrânia, uma nação de 44 milhões de pessoas.
O Acnur disse estar "seriamente preocupado" com a situação na Ucrânia, afirmando que "as consequências humanitárias para as populações civis serão devastadoras".
"O Acnur está trabalhando com as autoridades, a ONU e outros parceiros na Ucrânia e está pronto para fornecer assistência humanitária sempre que necessário e possível. Para isso, a segurança e o acesso aos esforços humanitários devem ser garantidos", disse a agência em nota. "O Acnur também está trabalhando com governos de países vizinhos, pedindo que mantenham as fronteiras abertas para aqueles que buscam segurança e proteção. Estamos prontos para apoiar os esforços de todos para responder a qualquer situação de deslocamento forçado. Assim, intensificamos nossas operações e capacidade na Ucrânia e países vizinhos."
A Polônia pediu as "sanções mais violentas possíveis" contra a Rússia. Já o presidente tcheco, Milos Zeman, simpatizante de longa data de Moscou, descreveu o presidente russo, Vladimir Putin, como "insano". Seu governo anunciou o fim da emissão de vistos aos russos e ordenou o fechamento de dois consulados do país.
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que também forjou bons laços com Putin, endossou o coro das condenações a Moscou. Ele disse que a Hungria preparará ajuda humanitária para a Ucrânia e está pronta para receber refugiados.
Os ucranianos começaram a entrar na Polônia, lar da maior comunidade ucraniana na região, com cerca de 1 milhão de pessoas, e país da UE mais próximo a partir de Kiev.
Com bagagens e acompanhados de crianças, dezenas chegaram ao cruzamento normalmente tranquilo de Medyka.
Grupos de pessoas também fugiram para a Hungria pelos cruzamentos de Beregsurany e Tiszabecs, alguns vindos de locais tão distantes quanto Kiev. Alguns chegaram de carro, mas muitos pedestres também carregavam malas.
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Autoridades alfandegárias eslovacas disseram que carros de passageiros tiveram de esperar até oito horas no mais movimentado dos três cruzamentos rodoviários da Eslováquia com a Ucrânia.
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Hospitais em espera
A Polônia, que instalou pontos de recepção para refugiados perto de passagens de fronteira, prepara um trem hospitalar para transportar ucranianos feridos e elaborou uma lista de 1.230 hospitais que podem receber pacientes, anunciou o Ministério da Saúde. O Exército polonês elevou o nível de prontidão de algumas unidades.
— Faremos tudo para garantir que todos que entrarem no território da Polônia tenham acesso à assistência de saúde, incluindo hospitalização — disse o ministério.
Na Eslováquia, que enviará até 1.500 soldados para a fronteira com a Ucrânia e criará travessias adicionais, o primeiro-ministro Eduard Heger pediu "compreensão e compaixão" com os refugiados. O governador da região de Kosice, no leste da Eslováquia, Rostislav Trnka, disse que cerca de 2.000 leitos e 60 academias foram preparados para ajudá-los.
A Hungria, que também enviará tropas à sua fronteira para ajudar a receber os refugiados, disse que sua embaixada em Kiev permanece aberta.
Já a República Tcheca fechou sua embaixada em Kiev, mas seu consulado na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, permanece aberto, enquanto um porta-voz do governo polonês declarou que as missões diplomáticas polonesas na Ucrânia permanecerão abertas "enquanto for possível".O Ministério das Relações Exteriores, porém, pediu a todos os cidadãos poloneses que deixem a Ucrânia.
Voos, serviços de trem suspensos
A ferrovia eslovaca interrompeu os serviços para a Ucrânia, e a companhia aérea de baixo custo Wizz suspendeu temporariamente todos os voos de e para a Ucrânia. A Czech Airlines também suspendeu os voos quando a Ucrânia fechou seu espaço aéreo, na noite de quarta-feira.
A República Tcheca, que não faz fronteira com a Ucrânia, mas abriga 260 mil ucranianos, também disse estar pronta para ajudar os refugiados. A Czech Railways ofereceu vagões com 6.000 assentos e camas para ajudar a retirar as pessoas, se necessário.
Dezenas de milhares de ucranianos também trabalham na Eslováquia e na Hungria, que tem uma grande minoria étnica de cerca de 140.000 pessoas vivendo dentro da Ucrânia, imediatamente depois da fronteira.
A Romênia está pronta para conceder ajuda humanitária, se necessário, disse o presidente Klaus Iohannis nesta quinta-feira. Ele também pediu a "consolidação consistente" do flanco Leste da Otna.
O presidente búlgaro, Rumen Radev, disse que seu país se prepara para retirar por terra mais de 4.000 búlgaros étnicos da Ucrânia e está pronto para receber outros refugiados ucranianos.