Um motorista de 60 anos decidiu morrer por eutanásia na Colômbia sem sofrer de uma doença terminal. O caso se tornou o primeiro do país. Victor Escobar Prado brigou por dois anos da Justiça para conseguir que o pedido fosse aprovado.
A morte foi confirmada nas redes sociais pelo advogado do homem, Luis Giraldo Montenegro. "Victor Escobar pediu para doar seus órgãos. Ele morreu às 21h20 de sexta-feira, 7 de janeiro de 2022, como era seu desejo. Victor conseguiu. Ele descansou da dor", escreveu.
Pouco antes, Escobar publicou um vídeo agradecendo o apoio que recebeu e se despedindo. "Obrigado a todos os colombianos que de uma forma ou de outra nos deram apoio, essa confiança para continuar com nossa luta. Bênçãos e abraços a todos. E eu não digo adeus, mas até logo. A vida não se compra, aos poucos vai chegando a vez de cada um de nós. Pouco a pouco nos encontraremos onde Deus nos colocou. Abraços e bênçãos a todos (...) eu os estimo e amo de toda a minha alma", disse ele na gravação.
As últimas horas do motorista foram passadas ao lado da esposa e dos quatro filhos, além do advogado, com quem compartilhou o último almoço. Depois, ele se reuniu com jornalistas para se despedir das pessoas que acompanharam o caso.
Problemas de saúde
Escobar teve dois acidentes vasculares cerebrais (AVCs), em 2007 e 2008, o que gerou diversos problemas de saúde ao homem. Além disso, um grave acidente de carro há 36 anos fez com que ele precisasse passar por quatro cirurgias na coluna.
Assim, o homem tinha dificuldade de mobilidade — o lado esquerdo do corpo era paralisado —, sofria de uma doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose pulmonar, tinha diabetes e hipertensão. Escobar também teve uma trombose e sofria com problemas cardíacos, com um lado do coração maior que o outro.
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De acordo com ele, os últimos quatro anos foram de "sofrimento e dor", já que ele expelia sangue pelos pulmões e perdeu o controle sobre a eliminação de fezes e urina, e a memória.
Direito à eutanásia
A eutanásia é legalizada na Colômbia desde 1997, mas apenas para pacientes com doenças terminais. Em junho do ano passado, o motorista teve o pedido negado, já que ele não se encaixava nessa condição.
O Tribunal Constitucional, porém, ampliou o direito um mês depois, fazendo com que a decisão também pudesse ser tomada por pessoas que sofrem intensamente com lesões corporais ou doenças graves e incuráveis.
Depois de outras tentativas mal-sucedidas, Escobar teve a solicitação acatada após o advogado dele e uma comissão científica da EPS Coomeva concordarem que a eutanásia aconteceria no dia 7 de janeiro de 2022, às 19 horas (17h de Brasília), como ele desejava.