Nesta segunda-feira (22), quatro homens negros foram inocentados após terem sido injustamente acusados de estuprar uma adolescente branca 72 anos atrás. O caso aconteceu em 1949, durante a era Jim Crow de segregação racial no sul dos EUA. As informações são do portal G1.
A juíza do tribunal do condado de Lake, Heidi Davis, deu o passo final nos casos de Charles Greenlee, Walter Irvin, Sam Shepherd e Ernest Thomas. Os quatro homens haviam sido oficialmente perdoados em 2019, de maneira póstuma.
Davis anulou os julgamentos e sentenças de Irvin e Greenlee e rejeitou as acusações dos outros dois, um deles morto antes mesmo de ser julgado.
O procurador do estado da Flórida, Bill Gladson, disse que as evidências recentemente descobertas abriam margem para questionar se qualquer estupro foi cometido e sugeriu que "o xerife, o juiz e o promotor quase garantiram os vereditos de culpa neste caso".
"Seguimos as evidências para ver aonde nos levariam e nos levaram a este momento", disse Gladson em entrevista coletiva na segunda-feira.
O interesse pelos Groveland Four foi ressuscitado pelos estadunidenses em 2012, com o livro vencedor do Prêmio Pulitzer "Devil in the Grove: Thurgood Marshall, the Groveland Boys and the Dawn of a New America", do autor Gilbert King.
Dias depois das acusações de sequestro e agressão sexual de uma garota de 17 anos, em 1949, na região de Groveland, Flórida, Thomas foi caçado por um destacamento de mais de mil homens e baleado 400 vezes.
A Suprema Corte dos EUA, em 1951, anulou por unanimidade as condenações de Shepherd e Irvin, que foram defendidas pelo advogado da Associação Nacional para o Avanço de Pessoas de Cor, Thurgood Marshall, que mais tarde se tornou o primeiro juiz negro da Suprema Corte dos EUA.
Naquele mesmo ano, o xerife do condado de Lake, Willis McCall, atirou nos dois homens, matando Shepherd, enquanto ele os transportava para uma audiência pré-julgamento. McCall alegou que eles estavam tentando escapar.
Irvin foi julgado novamente e condenado novamente. Ele foi libertado em liberdade condicional em 1968 e encontrado morto um ano depois, em circunstâncias suspeitas. Greenlee, que obteve liberdade condicional no início dos anos 1960, morreu em 2012.
A mulher que acusou os homens de estuprá-la quando ela tinha 17 anos se opôs aos perdões em 2019, dizendo que ela não era mentirosa