O grupo dissidente Arquipélago anunciou nesta terça-feira (16) que a mobilização marcada para pedir mais liberdade política e a liberação de ativistas que foram detidos depois de protestos em julho em Cuba será prorrogada até o próximo dia 27 de novembro, ou até que o "regime" deixe de violar o direito dos cidadãos.
O ato, ligado à "Marcha Cívica pela Mudança", havia sido proposto para ser realizado na última segunda-feira (15), mas a "extrema militarização das ruas" e o bloqueio de mais de 100 ativistas impediram a passeata, segundo os organizadores.
Em comunicado divulgado no Facebook , o grupo de opositores fez um balanço do dia anterior e destacou que "o governo criminalizou e desrespeitou o direito à liberdade de expressão, reunião e manifestação reconhecida pela Constituição cubana e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos".
"O governo cubano respondeu às nossas demandas como uma ditadura: extrema militarização das ruas, mais de 100 militantes sitiados, prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, atos de repúdio, violência, proteção, coerção e discurso de ódio", denuncia o texto, que adverte que não aceitará esta escalada de violência. "O ressurgimento da repressão contra cidadãos e manifestantes pacíficos não é e não será aceito".
Portanto, "é nosso dever como cidadãos continuar a levantar nossas vozes contra a injustiça", acrescenta a nota.
O grupo Arquipélago reiterou ainda que até o dia 27 de novembro todas as reivindicações estão mantidas, incluindo panelaços todas as noites, às 21h (horário local), para a "libertação dos presos políticos, garantia da liberdade de expressão e reunião e início de um processo transparente para resolver nossas divergências por meios democráticos e pacíficos".
A decisão foi tomada após as autoridades cubanas proibirem a realização das manifestações, alegando que os atos são um pretexto inventado por exilados cubanos e pelo governo dos Estados Unidos que pretende utilizar as tensões crescentes no país para promover uma mudança de regime em Cuba.
Os protestos convocados pelo grupo foram marcados para acontecer quatro meses após as manifestações de julho, as maiores em décadas. Na ocasião, os atos ocorreram como resposta a uma crise econômica, com falta de bens básicos, e contra as restrições impostas pelo governo para conter a Covid-19.
Os ativistas afirmam que mais de mil pessoas foram presas após aquelas mobilizações, e centenas delas ainda estão detidas.