A Coreia do Norte pode ter reiniciado o reator nuclear de Yongbyon neste ano, informa a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), órgão das Nações Unidas, nesta segunda-feira (30).
O local, considerado o principal centro nuclear do país, sempre foi usado para reprocessamento e para produção de plutônio e, segundo a Aiea, a medida é "profundamente preocupante".
Desde 2009, os inspetores da agência da ONU foram impedidos de visitar as estruturas nucleares da Coreia do Norte pelo ditador Kim Jong-un . Por isso, as análises são feitas de maneira externa, com a ajuda de satélites. Conforme o comunicado, a reativação também seria comprovada por conta do lançamento de água resfriada do reator.
"Desde o início de julho de 2021, há indicações, incluindo a descarga de água de resfriamento, coerentes com o funcionamento do reator", diz o relatório que ressalta que não havia movimentações do tipo por "quase três anos", desde o início de dezembro de 2018.
As imagens mostraram que a estrutura, que serve de laboratório radioquímico do complexo de Yongbyon, funcionando por cerca de cinco meses, entre fevereiro e julho, sendo usada para fornecer calor à estrutura que faz reprocessamento das barras de combustível.
"A duração do funcionamento da planta e do laboratório radioquímico em 2021 foi significativamente mais longa do que aquela observada no passado durante a possibilidade de atividade de tratamento ou manutenção dos rejeitos. A continuação do programa nuclear da Coreia do Norte é uma clara violação das pertinentes resoluções do Conselho de Segurança da ONU e é profundamente deplorável", ressalta o documento da agência.
A revelação ocorre em um novo momento de tensão na relação entre as Coreias do Norte e do Sul, que tinham reativado as linhas de comunicação, mas que foram suspensas por conta dos exercícios militares anuais realizados por Seul e os Estados Unidos.
Conforme o Ministério da Defesa sul-coreano, Pyongyang não respondeu mais às chamadas diárias com o Seul em forma de protesto.
Na última semana, durante uma visita em Seul do representante especial dos EUA para o Norte, Sung Kim, o norte-americano reforçou que nem a Coreia do Sul, nem Washington tem "intenções hostis" contra Pyongyang, renovando o pedido para um encontro "com meus homólogos norte-coreanos em qualquer lugar, a qualquer momento".
Porém, Kim assinou uma nota em que critica duramente os novos exercícios conjuntos, dizendo que eles "nos lembram fortemente sobre a necessidade de continuar a reforçar a nossa defesa nacional e as nossas capacidades preventivas muito fortes para fazer frente e remover as ameaças externas".