Internado há uma semana por causa de uma cirurgia no cólon, o papa Francisco celebrou o deste domingo (11) da sacada de seu apartamento privativo no Hospital Policlínico Agostino Gemelli , em Roma, e fez um discurso incisivo em defesa do acesso universal à saúde.
Essa foi a primeira vez em que o pontífice se dirigiu presencialmente a fiéis desde sua internação, no último domingo (4), reunindo centenas de pessoas em uma praça que conta com uma estátua em homenagem a São João Paulo II.
"Caros irmãos e irmãs, bom dia! Estou feliz em poder manter o compromisso dominical do Angelus, mesmo aqui do Policlínico Gemelli. Agradeço a todos vocês, eu senti sua proximidade e o apoio de suas orações. Obrigado de coração", disse o Papa, com a voz um pouco mais rouca que o habitual.
Em seguida, Jorge Mario Bergoglio afirmou que sua internação o fez experimentar "o quanto é importante ter um bom serviço sanitário acessível a todos, assim como existe na Itália e em outros países". "Um sistema sanitário gratuito, que assegure um bom serviço acessível a todos. Não podemos perder esse bem precioso", declarou.
Segundo o Papa, até mesmo na Igreja Católica surgem pensamentos de "vender" saúde quando instituições sanitárias sofrem problemas econômicos. "Mas a vocação da Igreja não é fazer dinheiro, é servir, e o serviço sempre é gratuito. Não se esqueçam disso: salvar as instituições gratuitas", acrescentou, recebendo aplausos do público.
Francisco também agradeceu aos médicos e trabalhadores da saúde que o atendem no hospital e pediu orações pelos enfermos. "Aqui há algumas crianças doentes. Por que as crianças sofrem? É uma pergunta que toca o coração. Acompanhem-nos com oração e rezem por todos os doentes, especialmente por aqueles em condições mais difíceis", disse o pontífice.
Bergoglio foi acompanhado na sacada por quatro pacientes da ala de oncologia pediátrica do hospital: Anna e Elena, de 13 anos, Michael, de seis, e Giorgio, de quatro. Diversos pacientes também assistiram ao Angelus das janelas do Policlínico Gemelli.
Haiti
Na segunda parte da celebração, o Papa mencionou o assassinato do presidente do Haiti , Jovenel Moise, e fez um apelo para que todos no país "deponham as armas, escolham a vida e escolham viver fraternamente".
"Estou ao lado do caro povo haitiano, desejo que a espiral de violência se interrompa e que a nação possa retomar o caminho rumo a um futuro de paz e concórdia", declarou.
Francisco se recupera de uma cirurgia para corrigir uma estenose diverticular do cólon, estreitamento causado pelo surgimento de pequenas bolsas chamadas divertículos nessa parte do intestino grosso.