A onda de calor histórica que atinge o Canadá e os Estados Unidos acumula estragos e já causou a morte repentina de cerca de 500 pessoas. Somente no estado canadense da Colúmbia Britânica, foram registradas 486 mortes entre a última sexta-feira (25) e esta quarta-feira (30). No estado norte-americano de Oregon, 63 óbitos foram atribuídos ao clima de altas temperaturas, que chegam a 46°C.
O Oeste canadense e o Noroeste dos Estados Unidos são as regiões mais atingidas pela onda de calor. No estado norte-americano de Washington, que faz fronteira com o Canadá, foram relatadas quase uma dúzia de mortes somente nesta quarta-feira, segundo o jornal The New York Times.
As temperaturas têm alcançado um patamar recorde na Colúmbia Britânica. Na região de Vancouver, que integra a província, foi registrada a temperatura recorde de 49,5ºC na última terça-feira (29).
Neste período, normalmente são esperadas aproximadamente 165 mortes repentinas. O número de 486 óbitos, quase três vezes maior, chama a atenção das autoridades, que projetam mais perdas e acreditam que o aumento pode ser atribuído ao clima.
— Acreditamos que o calor seja um fator muito provável em muitas dessas mortes, mas isso deve ser confirmado. Isso, francamente, pegou muitos de nós desprevenidos. Muitos dos nossos serviços de saúde, nossos socorristas, nunca vimos algo assim na província antes. Levou algum tempo para acelerarmos nossa resposta. Nós nos sentimos mais confiantes de que podemos responder mais rapidamente — afirmou a legista-chefe Lisa Lapointe, segundo a rede canadense CBC.
Ainda segundo Lapointe, muitas das pessoas que morreram viviam sozinhas em casas quentes e pouco ventiladas. O número de vidas perdidas, de acordo com ela, pode aumentar à medida que novos relatórios forem registrados. Na terça-feira, o primeiro-ministro da província da Colúmbia Britânica, John Horgan, já havia destacado que "esta é a semana mais quente que os habitantes desta região já viveram".
Você viu?
Incêndios florestais
Outra consequência da onda de calor são os incêndios florestais, que têm atingido os dois lados da fronteira entre Estados Unidos e Canadá . Moradores da pequena vila de Lytton, também na Colúmbia Britânica, tiveram de abandonar suas casas depois que chamas começaram a se espalhar pela região, na noite desta quarta-feira.
O prefeito da vila, Jan Polderman, assinou uma ordem oficial de evacuação para que todos deixassem Lytton após o fogo se espalhar rapidamente pela comunidade de cerca de 250 pessoas. Ele pediu que os moradores se dirigissem à comunidade vizinha de Boston Bar. Um centro de recepção também foi instalado em Merritt, a leste, e outros residentes se abrigaram em Lillooet, ao norte.
As altas temperaturas acontecem por um fenômeno conhecido como "cúpula de calor", em que altas pressões prendem o ar quente na região. A Organização Meteorológica Mundial, com sede em Genebra, alertou para os impactos na saúde humana e disse que “as ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas à medida que as concentrações de gases de efeito estufa aumentam as temperaturas globais”.