Senador dos EUA pede que Bolsonaro condene invasão do Capitólio
Agência Brasil
Senador dos EUA pede que Bolsonaro condene invasão do Capitólio












O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano, o senador democrata Bob Menendez, enviou carta ao presidente Jair Bolsonaro afirmando que o relacionamento com o Brasil sairá prejudicado se o governo brasileiro não condenar a “incitação à violência e os ataques contra a democracia americana” quando o  Capitólio foi invadido no dia 6 de janeiro pelos apoiadores de Donald Trump.

Na carta, cujo conteúdo foi revelado pela Folha de S. Paulo, o senador também afirma que o governo do Brasil parece apoiar “teorias conspiratórias vazias” e terroristas domésticos e que o chanceler Ernesto Araújo está desconectado da realidade dos Estados Unidos.

No dia seguinte à invasão do Capitólio, Bolsonaro disse que se o Brasil não tiver “o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos". O presidente alegava falsamente, desde o ano passado, seguindo as acusações de Trump, que houve fraude nas eleições americanas. Já Araújo disse que “grande parte do povo americano (...) desconfia do processo eleitoral” e que era preciso investigar “se houve participação de elementos infiltrados na invasão”, tese rejeitada dias depois pelo FBI,a polícia federal americana.

Na carta desta sexta, o chefe da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA relembrou as falas de Bolsonaro, que classificou como falsas, e de Araújo, dizendo que, junto com declarações de outros membros do governo, poderiam representar um passo atrás na parceria entre Brasil e Estados Unidos. Menendez também menciona em sua primeira frase o fato de que o presidente brasileiro demorou a cumprimentar Joe Biden por sua eleição. Bolsonaro foi um dos últimos líderes de expressão mundial a parabenizarem Biden, em 15 de dezembro, quase seis semanas após a imprensa americana declarar a vitória do democrata em 7 de novembro.

“Estes acontecimentos foram atos de terrorismo doméstico que resultaram em muitas mortes e não foram, como o ministro Araujo alegou, atos de ‘cidadãos de bem’”, diz a carta, que prossegue argumentando que a defesa que o chanceler fez desses atos de terrorismo doméstico mostra “o quão desconectado ele está da realidade atual nos Estados Unidos”.

Menendez afirma, também, que os comentários do governo brasileiro não são ações próprias de um aliado e que eles arriscam minar a parceria entre Brasil e Estados Unidos. O senador lembra que, no país, republicanos e democratas condenaram sem restrições a violência no Capitólio, o que demonstra que Araújo “está essencialmente priorizando o relacionamento do seu governo com uma facção restrita e radical do espectro político americano”. Para o democrata, é um “erro estratégico” que, alerta, pode ter implicações no relacionamento diplomático entre os dois países daqui para frente.

“Peço que o senhor se coloque junto com os Estados Unidos e a ampla comunidade internacional na condenação desta incitação à violência e os ataques contra a democracia dos EUA”, conclui o senador, dizendo que qualquer outra coisa que não seja uma rejeição categórica dos eventos do dia 6 de janeiro serve não apenas para embasar a narrativa de extremistas, mas também prejudica o relacionamento bilateral.

Procurados pelo GLOBO, o Palácio do Planalto e o Itamaraty ainda não se manifestaram até a tarde deste sábado.

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