Presidente norte-americano voltou a criticar resultado da eleição, mas garantiu que transição acontecerá
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Presidente norte-americano voltou a criticar resultado da eleição, mas garantiu que transição acontecerá

Após um dos dias mais tensos da História dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump finalmente reconheceu que irá deixar a Casa Branca no dia 20 de janeiro, prometendo realizar uma transição de poder ordenada para o presidente Joe Biden. O anúncio, via comunicado, veio horas após o Congresso certificar a vitória de Biden , a última etapa antes da posse.

“Por mais que eu discorde totalmente do resultado da eleição, e os fatos me corroborem, haverá uma transição de poder ordenada no dia 20 de janeiro”, disse Trump em comunicado, repetindo as alegações falsas de fraude que faz desde novembro. “Eu sempre disse que continuaríamos a lutar para garantir que apenas votos legais fossem contados. Por mais que isso represente o fim do melhor primeiro mandato da História presidencial, é apenas o início da nossa luta para Fazer a América Grande Novamente”.

A fala do  presidente , que se recusa a reconhecer sua derrota, vem um dia após seus apoiadores invadirem o Capitólio , provocando a paralisação temporária da  sessão do Congresso para contar os votos do Colégio Eleitoral que acabaram por certificar a vitória de Biden. Segundo a polícia da capital, ao menos quatro pessoas morreram — uma mulher baleada e outras três, por emergências médicas não explicitadas — após extremistas destruírem destruírem móveis, equipamentos e obrigarem os congressistas a interromper suas atividades. Washington declarou toque de recolher até o dia 21.

Trump havia discursado antes da invasão ao Capitólio para seus apoiadores por mais de uma hora afirmando que “jamais” reconheceria sua derrota e pressionando os congressistas a ignorar os votos legais. Em um vídeo após o incidente, o presidente pediu que os extremistas fossem para a casa, mas disse que os amava e que eram muito especiais.

Segundo diversos veículos da imprensa americana, integrantes do próprio governo questionam se Trump teria condições de continuar a governar depois do que foi visto ontem em Washington. Alguns integrantes de seu Gabinete, segundo fontes dentro do Partido Republicano, teriam realizado conversas preliminares para removê-lo do poder por meio da 25ª emenda .

Ratificada em 1967, a medida cria um mecanismo legal para a continuidade do poder quando um presidente morrer ou estiver incapacitado de governar. Seu artigo 4º, nunca utlizado até hoje, estabelece regras para quando o presidente estiver incapacitado de “ocupar os poderes e realizar as funções” de seu cargo.

Em uma nota conjunta, todos os democratas da Comissão de Justiça da Câmara fizeram um apelo para que o vice-presidente, Mike Pence, ative a cláusula, afirmando que Trump "não está mentalmente são e continua incapaz de processar e aceitar o resultado da eleição" para além de ter demonstrado repetidas vezes ser incapaz de proteger a democracia".

O jornal Washington Post, em seu editorial, também o fez, afirmando que "a cada segundo que ele mantém os vastos poderes da presidência , é uma ameaça para a ordem pública e para a segurança nacional".

Para que a 25ª emenda fosse ativada, o vice-presidente e metade do Gabinete presidencial precisariam declarar que Trump está incapacitado de governar, removendo-o do poder. Neste caso, o presidente poderia a qualquer momento afirmar que está pronto para reassumir o cargo. Isto faria com que o Congresso votasse ou não sua continuidade, sendo necessário dois terços dos votos em ambas as casa para que fosse determinado incapaz.

Não está claro em que pé estão as conversas para que isto aconteça ou se Pence pretende endossá-las. Há ainda quem fale em um novo processo de impeachment, mas provavelmente não haverá tempo hábil para que os procedimentos avancem, já que Trump deixará o poder em 13 dias.

Pence foi um dos que rompeu com o presidente na reta final, mesmo após endossar e participar de outros avanços alarmantes às normas democraticas nos últimos quatro anos. Resistindo às pressões de Trump para que interviesse na certificação, o vice-presidente presidiu a sessão de modo protocolar e condenou veementemente a violência.

Das séries de objeções que republicanos pretendiam fazer à certificação em vários estados, apenas duas foram de fato realizadas: na Pensilvânia e no Arizona, ambas derrotadas.

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