O virtual presidente eleito da Bolívia , Luis Arce, de 57 anos, comemorou a vitória já no primeiro turno das eleições dizendo que o país recuperou a “democracia e, principalmente, o povo recuperou a esperança”. Embora a apuração oficial ainda possa levar até uma semana, a vitória do candidato apoiado pelo ex-presidente Evo Morales já foi reconhecida pelo governo interino do país.
"Vamos trabalhar para todos os bolivianos, vamos construir um governo de unidade nacional, vamos construir a unidade de nosso país", disse Arce numa breve entrevista coletiva.
De acordo com a pesquisa de boca de urna apurada pela Cesmori, a maior empresa de pesquisas do país, Arce, do partido Movimento ao Socialismo (MAS), obteve 52,4% dos votos, contra 31,5% dados ao ex-presidente Carlos Mesa, do centrista Comunidade Cidadã (CC). Pelas leis bolivianas, para vencer no primeiro turno, o candidato precisa ter 40% dos votos e pelo menos dez pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
Pelo Twitter, a presidente interina Jeanine Áñez , ferrenha opositora de Morales, reconheceu a vitória de Arce e o parabenizou.
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“Ainda não temos o resultado oficial, mas, pelos dados com os quais contamos, os senhor Arce e o senhor (David) Choquehuanca (vice na chapa vitoriosa) ganharam a eleição. Felicito os ganhadores e peço que governem pensando na Bolívia e na democracia”, escrever Áñez na rede.
Arce é economista e foi ministro da Economia durante 12 anos no governo de Evo Morales (2006-2019) sendo considerado o pai do chamado “milagre econômico” boliviano. Ele candidatou-se à Presidência quando Morales renunciou em novembro do ano passado, em meio a uma forte convulsão social e acusações de fraude eleitoral.
Na Argentina, onde vive com status de exilado político, Morales comemorou intensamente a vitória: "Lucho (apelido de Arce) será nosso presidente. Ele devolvera a nossa pátria ao caminho do crescimento econômico".
Com perfil mais técnico que político, Arce comandou a economia boliviana no período em que o PIB saltou de US$ 9,5 bilhões para US$ 40,8 bilhões e a pobreza caiu de 60% para 37% da população, segundo números oficiais. Não foi à toa que a economia se converteu no grande trunfo eleitoral do futuro presidente, mesmo que seus adversários atribuíssem o sucesso de sua política econômica a condições favoráveis internacionais.