Embaixador será questionado sobre possível tentativa de influência
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Embaixador será questionado sobre possível tentativa de influência

Dois deputados do Partido Democrata que lideram comissões da Câmara dos EUA pediram nesta sexta-feira explicações ao embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, depois que o colunista do Globo Lauro Jardim informou que o diplomata está fazendo lobby pela redução a zero das tarifas de importação do etanol americano com o argumento de que isso poderia beneficiar eleitoralmente o  presidente Donald Trump no estado de Iowa, onde o etanol é produzido.

No texto da carta enviada a Chapman, os deputados Eliot Engel, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA , e Albio Sires, presidente da Subcomissão para o Hemisfério Ocidental, Segurança Civil e Comércio, se dizem “extremamente alarmados” com o conteúdo da nota publicada na quinta-feira, que indicaria que o embaixador "usou sua posição para beneficar a campanha" à reeleição de Trump.

Eles também se referem ao fato de o embaixador ter defendido, em entrevista nesta semana ao GLOBO, o deputado Eduardo Bolsonaro, que no último domingo fez uma postagem em uma rede social de um vídeo da campanha de Trump.

Na ocasião, Engel reagiu à postagem do deputado na mesma rede social, dizendo que a família Bolsonaro deveria "ficar fora" da eleição presidencial nos Estados Unidos, e que o comportamento do filho do presidente brasileiro era inaceitável. Já Chapman disse ao GLOBO que Eduardo Bolsonaro estava exercendo sua liberdade de expressão.

“Essas declarações são completamente inapropriadas para um embaixador e, se verdadeiras, seriam uma violação em potencial da Lei Hatch de 1939”, diz a carta, referindo-se a uma medida que veta a participação de funcionários do Poder Executivo em certos tipos de atividade política.

"Apesar de o Sr. Bolsonaro ter o direito de falar livremente, simplesmente não é apropriado que funcionários de governos estrangeiros, de qualquer Poder, promovam candidatos nos Estados Unidos", prossegue o texto.

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"Dados os acontecimentos de 2016, é ainda mais importante que os embaixadores dos EUA servindo nosso país no exterior não se imiscuam nas eleições americanas ou encoragem funcionários de governos estrangeiros de qualquer Poder a fazerem isso", diz ainda a carta, em uma referência às acusações de interferência russa na votação presidencial daquele ano.

Os deputados pedem que Chapman explique as declarações e apresente uma descrição de todas as conversas com integrantes do Executivo e do Legislativo do Brasil relativas às tarifas sobre o etanol e à eleição presidencial nos EUA. Pedem ainda que ele entregue todos os documentos relativos a essas conversas, sem cortes.

Essas explicações devem ser apresentadas até a terça-feira, especifica a carta. Os legisladores afirmam que isso vai servir para “assegurar ao Congresso e ao povo americano que o embaixador no Brasil representa, de forma verdadeira, os interesses dos EUA, e não os interesses políticos do presidente Trump”.

A Comissão de Relações Exteriores da Câmara  dos EUA vai abrir uma investigação sobre o caso, de acordo com o New York Times.

Segundo o jornal, em uma declaração enviada por e-mail, o Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores, negou que o embaixador Chapman esteja fazendo campanha por Trump. "Alegações de que o embaixador Chapman pediu aos brasileiros para apoiar um candidato americano específico são falsas", diz a declaração. "Os Estados Unidos há muito tempo têm como foco a redução de barreiras tarifárias e vão continuar a fazê-lo", continua.

O New York Times ouviu o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, que disse que Chapman fez várias referências ao calendário eleitoral americano durante um encontro recente sobre o etanol. Segundo o jornal, Moreira afirmou que o embaixador não lhe pediu explicitamente para ajudar a campanha de Trump , mas ligou o tema das tarifas à eleição de novembro nos EUA

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