Hackers ligados ao governo da China teriam feito um ataque cibernético contra a rede de informações do Vaticano em Hong Kong, informou o jornal "The New York Times".
A publicação usou como fonte dados de um relatório criado pela empresa norte-americana Recorded Future, que monitora ações de hackers internacionais que são apoiados por governos federais.
Segundo o jornal, os ataques atingiram a Holy See Study Mission, considerada uma das missões mais estratégicas da Igreja Católica no mundo , e que tem relações diretas com as dioceses chinesas.
O malware utilizado é o chamado Cavalo de Troia, que teria sido enviado pelo grupo RedDelta em uma comunicação de pêsames pela morte do bispo chinês Joseph Ma Zhongmu, da diocese de Yinchuam/Ningxia, supostamente enviada pelo secretário de Estado, Pietro Parolin, e mandado pelo e-mail da Holy See Study Mission.
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O relatório aponta que essa ação foi muito "sofisticada" por utilizar uma carta com um cabeçalho do Vaticano e uma mensagem de Parolin que pareciam muito autênticas.
Além dessa missão, também foram detectados ataques contra o Instituto Pontifício para Missões Estrangeiras (Pime), que no passado foi marcado como um dos possíveis alvos da China.
As ações maliciosas começaram a ser realizadas poucos meses depois da renovação do acordo provisório entre China e Santa Sé , ocorrido em setembro do ano passado. O pacto assinado em 2018 diz que o Partido Comunista Chinês tem o poder de supervisionar os atos da Igreja Católica no país, que historicamente era "clandestina" para evitar perseguições de Estado.
Ainda conforme o "NYT", as investidas teriam dado à RedDelta informações sobre as posições das negociações no Vaticano em vista da renovação do acordo, que deve ocorrer em setembro deste ano, bem como dado indicações sobre as relações entre as dioceses de Hong Kong e a Santa Sé seja nas questões religiosas como no apoio dos movimentos pró-democracia - incluindo conversas sobre a polêmica lei de segurança nacional.
Questionado sobre a denúncia, um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou que, antes de tudo, "precisam ser fornecidas provas suficientes sobre o que é investigado e determinar a natureza dos incidentes de cibersegurança ".
Por isso, segundo Wenbin, "não devem ser criadas hipóteses arbitrárias" sobre o tema.
O Vaticano não se manifestou sobre a denúncia.