Profissionais de saúde têm sido perseguidos e presos pelas autoridades egípcias
Reprodução/redes sociais
Profissionais de saúde têm sido perseguidos e presos pelas autoridades egípcias

País mais atingido entre os que compõe o chamado "mundo árabe", o Egito vem enfrentando dificuldades para conter a expansão da pandemia do Covid-19. No último levantamento das autoridades de Saúde, o país somava 76.253 casos confirmados e 3.343 mortes. Porém, críticos do governo apontam que estes números podem ser muito maiores e estão sofrendo represálias por isso.

Segundo informações da agência de notícias Associated Press, agentes de segurança têm perseguido pessoas que criticam o sistema de Saúde do Egito . Nem mesmo os profissionais que atuam na linha de frente do combate ao novo coronavírus (Sars-Cov-2) estão imunes: não são poucas as histórias de silenciamento e até prisão de médicos e enfermeiros.

De acordo com grupos de diretos humanos da região, ao menos 10 médicos e 10 jornalistas foram presos desde o início da pandemia em fevereiro, enquanto outros receberam "avisos" de que poderia sofrer consequências se seguissem com as críticas. Além disso, já foram registradas 188 mortes entre profissionais de saúde.

"Todo dia em que vou para o trabalho, estou colocando a mim e a minha família em risco. Eles têm prendido diversos dos nossos colegas para nos mandar uma mensagem. Não vejo essa situação sendo resolvida de uma maneira positiva", afirmou um médico da cidade do Cairo, que preferiu se manter anônimo por medo de represálias.

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Entre as críticas dos profissionais está o fato de que precisam comprar seus próprios equipamentos de segurança , mesmo recebendo pouco pelo serviço, e que o sistema de Saúde do país já está quase entrando em colapso. Nas últimas semanas, foi erguido um hospital de campanha com 4 mil leitos, que pouco fizeram diferença frente a alta demanda de pacientes.

Em outro movimento recente, as forças de segurança acabaram com uma coletiva de imprensa realizada por um sindicato de funcionários da Saúde que criticavam as ações do primeiro-ministro e a falta de materiais nos hospitais. "Eram médicos sem qualquer histórico de ativismo e que foram presos apenas por declararem suas críticas ao momento vivido pelo país", revelou Amr Magdi, do Human Rights Watch.

Quem também tem sido acompanhado de perto pelo governo é o jornalismo. Até o momento, 15 pessoas foram presas por por "disseminar fake news" sobre a situação da pandemia no Egito , segundo o escritório de Direitos Humanos da ONU.

"O país quer manter a imagem de que está 'aberto' frente a comunidade internacional. Então, as autoridades são bem rígidas contra pessoas que mostrem uma situação contrária", diz Amy Hawthorne, do projeto Democracia do Oriente Médio.

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