Responsável pela pasta da Saúde na Colômbia, o ministro Fernando Ruiz não poupou críticas ao governo brasileiro ao analisar a falta de medidas enérgicas para garantir a redução de casos e mortes causados pelo Covid-19. Em entrevista ao jornal O Globo, ele comparou o Brasil com a Venezuela e disse que ambos podem se tornar um problema para os vizinhos da América do Sul.
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"Qualquer país que não adote as medidas recomendadas para mitigar a epidemia é uma bomba-relógio para si mesmo e para seus vizinhos. Mas tenho esperança de que vamos desativar ou pelo menos conseguir uma explosão controlada dessa bomba no Brasil ", afirmou Ruiz.
A fala sobre uma " bomba-relógio " ocorre após o presidente colombiano, Ivan Duque, utilizar a mesma definição para explicar a situação da Venezuela , que também enfrenta dificuldades para lidar com o avanço do novo coronavírus , e que coloca os outros países sul-americanos em risco.
"Até o momento, nenhuma das cidades da fronteira colombo-venezuelana apresentam uma situação muito crítica nesta epidemia , mas seguimos atentos à evolução do vírus na região e manteremos o fechamento de fronteiras, "afirmou Ruiz.
Ainda falando sobre fronteiras, o ministro evitou fazer ataques diretos ao presidente Jair Bolsonaro , mas afirmou que a Colômbia "não pode se submeter" a decisões do Brasil: "Não cabe a mim dar instruções a nenhum país, mas é claro que, se compartilharmos experiências e mantivermos um diálogo mais aberto, conseguiremos controlar melhor esse vírus. Seguimos fazendo o que achamos certo, independentemente do que estejam fazendo nossos vizinhos".
Por fim, questionado sobre a situação brasileira, Ruiz disse que a comunicação entre os dois governos melhorou e está "fluindo". Já sobre o uso da cloroquina , que segue sendo aconselhada no Brasil , ele afirmou que a Colômbia não recomenda o uso, mas que testes clínicos são realizados para confirmar a eficácia do medicamento.