O discurso do secretário de Cultura do governo Bolsonaro
, Roberto Alvim, na última quinta-feira (16) se assemelhou aos feitos pelo ministro de Informação e Propaganda da Alemanha no período nazista, Joseph Goebbels. Conhecido como "braço-direito" de Adolf Hitler, o propagador das ideias nazistas usou propaganda, cultura e falas fortes para idealizar uma nova política que defendia o ódio e a superioridade da "raça ariana".
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As semelhanças nos discursos de Alvim e Goebbels são evidentes:
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", afirmou Alvim.
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Na década de 1930, segundo o biógrafo Peter Longerich, Joseph Goebbels discursou assim:
"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".
Para o historiador Maurício Fontana, uma autoridade brasileira copiar o discurso de Goebbels é um risco à democracia.
"Goebbels foi o principal aliado de Hitler no sentido de difundir o nazismo pela Alemanha. Ele sabia fazer isso muito bem, usando principalmente a música e o teatro. Alvim fala ao som de uma composição de Richard Wagner, o mesmo músico utilizado por Goebbels. O ministro do nazismo, como ficou conhecido, nunca defendeu uma pluralidade de ideias, muito pelo contrário, levou ao seu público que apenas o que vinha da Alemanha era puro e correto. Defender ações desse tipo é atacar a democracia".
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Fontana explica que o ministro da Propaganda de Hitler, muitas vezes, era usado para que a defesa do comandante alemão fosse espalhada por todos os cantos da Europa.
"Ele era visto como um herói pelos alemães naquele período. Ele levava mais do que o que as pessoas queriam ouvir, mas o que Hitler queria que elas ouvissem".
O historiador ainda alerta que o discurso de Goebbels era, na maioria das vezes, recheado de mentiras. A tática, inclusive, era exaltada pelo próprio.
"A frase 'uma mentira dita mil vezes se torna uma verdade' é atribuída a Goebbels. Ele realmente acreditava nisso e sabia que tinha que se impor nos discursos para que as pessoas 'comprassem' o ideal nazista", explica Fontana.
Quem foi Joseph Goebbels
Doutor em Filosofia pela Universidade de Heildelberg, Joseph Goebbels entrou para o Partido Nazista em 1924 e, dois anos depois, foi nomeado líder distrital de Berlim. Neste período, conheceu Adolf Hitler mais de perto e se encantou com as ideias de quem chamava de "líder supremo de uma nação suprema".
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Com grande interesse pela propaganda, levou ao 'Fuhrer' a necessidade de se criar um núcleo de propagação das ideias para que todos os alemães entendessem do que realmente se tratava o nazismo.
Nomeado Ministro da Propaganda em 1933, permaneceu no cargo até 1945, saindo apenas após a queda de Adolf Hitler.
Durante a sua gestão, defendeu a "guerra total" contra judeus e pessoas que não estivessem compactuadas com os ideais nazistas, bem como o controle absoluto da imprensa pelo Estado.
Goebbels morreu no dia 1º de maio de 1945, após se suicidar com cianeto depois de matar sua esposa e seus filhos. Meses antes, o 'braço-direito' de Hitler já anunciava que a derrota na Segunda Guerra Mundial seria inevitável e que só a morte poderia trazer o verdadeiro orgulho ao povo alemão.