O diretor-geral de Luta Contra a Corrupção na Bolívia, Mathías Kutschel, informou nesta quarta-feira (8) que o governo investiga 592 pessoas ligadas à gestão do ex-presidente Evo Morales, por corrupção e desvio de dinheiro.
Entre os investigados estão o próprio Morales, o ex-vice-presidente Álvaro García Linera, além de ex-ministros, ex-vice-ministros e ex-chefes de gabinete, que exerceram poder nos últimos 14 anos, assim como alguns parentes do ex-chefe do governo boliviano.
De acordo com Kutschel, as investigações ocorrem dentro da nova política de Estado, que busca recuperar fundos desviados dos cofres públicos.
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A iniciativa é do Grupo Interinstitucional para a Recuperação de Ativos (Gira), que tem como objetivo a capacitação em cooperação internacional e a recuperação de ativos enviados ao estrangeiro, roubados do Estado.
O Gira é composto por representantes do Ministério de Relações Exteriores, do Ministério Público, da Unidade de Investigações Financeiras, do Ministério de Transparência Institucional e Combate à Corrupção e da Procuradoria-Geral do Estado.
Segundo Kutschel, os acusados desviaram mais de 2 bilhões de bolivianos (o equivalente a cerca de R$ 1,2 bilhões) e cometeram delitos de corrupção e desvio de recursos públicos para outros países, onde, supostamente, estão refugiados.
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Em seu Twitter, Evo Morales escreveu hoje: "O ministro da Justiça de fato viola a Constituição presumindo a culpa de 592 ex-funcionários do MAS [Movimento ao Socialismo, partido de Evo] e suas famílias. Ele se coloca acima dos juízes que ditam condenação, sem julgamento prévio. O regime de [Jeanine] Áñez (presidente interina), Mesa e Camacho [opositores], é violento, semeador de evidências falsas e difamatório".
Evo Morales está asilado na Argentina desde 12 de dezembro do ano passado.