Aos gritos de
Reprodução
Aos gritos de "Morte à América", milhares acompanharam o cortejo do general neste sábado

Milhares de pessoas participaram, nas ruas da capital do Iraque, Bagdá, do cortejo fúnebre para o comandante militar iraniano Qasem Soleimani, morto em um ataque aéreo dos EUA na quinta-feira (2). O público começou a se reunir desde as primeiras horas da manhã deste sábado (4), agitando bandeiras iraquianas e da milícia, gritando "morte à América".

Leia também: Novo ataque aéreo norte-americano mata seis integrantes de grupo xiita no Iraque

A procissão marcou o início dos dias de luto por Soleimani . Seu corpo será devolvido ao Irã para um funeral e enterro em sua cidade natal.

A multidão em Bagdá também estava lá para lamentar a morte de Abu Mahdi al-Muhandis, morto na mesma operação norte-americana. O iraquiano comandou o grupo Kataib Hezbollah, apoiado pelo Irã, e liderou efetivamente as unidades de Mobilização Popular - um guarda-chuva de milícias no Iraque dominado por grupos alinhados com o Irã.

A procissão deixou Kadhimiya, um distrito xiita de Bagdá, em direção à Zona Verde, onde há prédios e embaixadas do governo e onde o funeral oficial será realizado. O cortejo serpenteava pelas ruas, com pessoas carregando retratos de Soleimani e do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.

O primeiro-ministro iraquiano Adel Abdul Mahdi participou do funeral, assim como o chefe das forças pró-Irã no parlamento iraquiano, Hadi Al Ameri, o ex-primeiro-ministro Nuri Al Maliki e vários chefes de facções xiitas.

De acordo com informações iniciais, os corpos dos iranianos seriam levados de avião, no sábado à noite, para o Irã. O país declarou três dias de luto pelo general assassinado, e seu funeral será realizado na terça-feira em sua cidade natal, Kerman.

Apesar do grande cortejo, alguns iraquianos comemoraram, nas ruas de Bagdá, a notícia da morte de Soleimani. Ele foi acusado de orquestrar repressões violentas a protestos pacíficos pró-democracia no país nos últimos meses.

Leia também: Por proximidade, Brasil deve apoiar EUA em uma possível guerra contra o Irã

Tensão

As Forças de Mobilização Popular disseram, na manhã deste sábado, que um novo ataque havia atingido um comboio da organização. Mais tarde, porém, negou que isso tivesse ocorrido.

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma "vingança severa". O Irã nomeou como substituto de Soleimani seu vice, Esmail Qaani.

Autoridades americanas afirmaram que Soleimani, de 62 anos, foi morto por um míssil disparado por um drone quando estava perto do aeroporto internacional de Bagdá.

'Ataque de decapitação'

Segundo analistas, o ataque - que fez os preços mundiais do petróleo dispararem - será um divisor de águas nas tensões entre o Irã e os Estados Unidos.

"Trump mudou as regras - ele queria (Soleimani) eliminado", disse Ramzy Mardini, pesquisador do Instituto da Paz americano.

Phillip Smyth, um especialista em grupos xiitas armados radicado nos Estados Unidos, descreveu o assassinato como "o maior ataque de decapitação que os Estados Unidos já lançaram".

Ele disse à AFP que haverá desdobramentos maiores do que na operação americana em 2011 que resultou no assassinato do líder da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, e da operação dos Estados Unidos em 2019 que resultou na morte do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi.

Leia também: Após aumento nas tensões, EUA enviarão mais três mil soldados ao Oriente Médio

Os laços entre os Estados Unidos e o Irã se deterioraram claramente desde que Washington abandonou o acordo nuclear com Teerã, em 2018, e voltou a impor duras sanções à República Islâmica.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!