Agência Brasil

Reprodução/Twitter/evoespueblo
"Houve um golpe de Estado na Bolívia. Ocorreu no dia 20 de outubro, quando se cometeu fraude eleitoral", afirmou Luis Almagro.

Enquanto o ex-presidente Evo Morales e seus apoiadores afirmam que houve um golpe de Estado na Bolívia, executado pelos opositores com o apoio das Forças Armadas e da polícia, a oposição afirma que o governo tentava a reeleição ferindo a Constituição e desrespeitando o referendo realizado no país em 2016. Já o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse que, na verdade, se tratou de um autogolpe.

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"Houve um golpe de Estado na Bolívia. Ocorreu no dia 20 de outubro, quando se cometeu fraude eleitoral, que tinha como resultado a vitória do ex-presidente Evo Morales em primeiro turno. O tribunal eleitoral, ao anunciar a vitória em primeiro turno, pretendia perpetuá-lo no poder de forma ilegítima e inconstitucional. Era se manter no poder de uma das piores formas, roubando uma eleição. Quem está a favor dessa forma de autogolpe? Isso, sim, é voltar às piores épocas do Hemisfério. Isso, sim, é absolutamente condenável e inadmissível. A vergonha não é da OEA , que descobriu uma fraude eleitoral, é daqueles que o cometeram", disse Luis Almagro, na reunião do Conselho Permanente, ontem (12).

A divulgação das irregularidades nas eleições foi o grande detonador da crise na Bolívia . Apesar de o país estar registrando manifestações desde o dia do pleito, o informe da OEA foi como a gota d’água que faltava. Evo Morales, apesar de ter afirmado que convocaria novas eleições, também disse que o documento tinha um "tom político", questionando a credibilidade da auditoria da OEA.

Algumas horas depois da divulgação pela OEA do resultado da auditoria, e tendo recebido a "orientação" por parte das Forças Armadas de que deveria renunciar, Morales anunciou que deixaria o cargo.

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Evo Morales recebeu asilo político no México, onde está desde ontem (12). A senadora Jeanine Áñez se autoproclamou presidente interina do país em uma sessão sem quórum. Ela decidiu assumir o cargo máximo do país após a renúncia de Álvaro García Linera, vice-presidente de Morales, além dos presidentes da Câmara e do Senado e do primeiro vice-presidente do Senado. Áñez ocupava a segunda vice-presidencia do Senado.

Informe

O documento da OEA diz que nos quatro elementos analisados - tecnologia, armazenamento, integridade dos registros e projeções estatísticas -, foram encontradas irregularidades, variando de muito graves a indicativas.

"A razão pela qual um estudo tão aprofundado foi realizado foi precisamente cruzar informações e garantir que as irregularidades encontradas não fossem superficiais e que a equipe de auditoria pudesse ter plena certeza de suas conclusões. No componente informático, sérias falhas de segurança foram descobertas", diz o documento.

A OEA diz ainda que foi descoberta uma manipulação do sistema Trep (transmissão de resultados preliminares), que afetou os resultados de aproximadamente 350 mil votos. Como a margem de vitória no primeiro turno foi inferior a 40 mil votos, uma irregularidade dessas dimensões seria decisiva para o resultado.

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"A existência de registros físicos com alterações e assinaturas falsificadas também afeta a integridade do cálculo oficial. Levando em consideração as projeções estatísticas, é provável que o candidato Morales esteja em primeiro lugar e o candidato Mesa em segundo. No entanto, é estatisticamente improvável que Morales tenha obtido uma diferença de 10% para evitar um segundo turno. A equipe de auditoria não pode validar os resultados dessa eleição; portanto, outro processo eleitoral foi recomendado. Observou-se também que qualquer processo futuro deve ter novas autoridades eleitorais para realizar eleições confiáveis", diz o informe da OEA, acrescentando que foram recebidas mais de 250 denúncias sobre o processo eleitoral.

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