A capital do Chile, Santiago, registrou mais oito dias de protestos.
Reprodução/Twitter Mauro Cruz
A capital do Chile, Santiago, registrou mais oito dias de protestos.

Enormes multidões avolumam-se nas ruas de diversas cidades chilenas nesta sexta-feira (25), no protesto que foi apelidado pelos manifestantes de “a maior marcha do Chile ”. Em  Santiago , o s protestos, que foram convocados pela internet com a hashtag  #marchamasgrandedechile  e acontecem sem uma liderança clara, já levaram mais de 820 mil pessoas à Praça Itália, segundo cálculos da polícia, com tendência de aumento.

Protestos pacíficos acontecem em diversas cidades, e multidões também se reuniram em cidades que vão desde o balneário Viña del Mar até Punta Arenas, última cidade da Patagônia chilena. Os manifestantes caminham pelas ruas, cantando músicas de resistência à ditadura de Pinochet e portando bandeiras e faixas.

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Na noite desta sexta-feira (25), completam-se sete dias desde que os protestos, que começaram contra aumentos de 35 pesos (R$ 0,17) no metrô e passaram a incluir outras demandas, ganharam uma nova força, até se tornarem na maior onda de protestos desde o fim da ditadura de Pinochet. O governo de Sebastián Piñera decretou estado de emergência na manhã do sábado (19), após diversas estações de metrô serem incendiadas.

A Junta de Defesa Nacional encarregada da segurança de Santiago decretou no começo da tarde desta sexta-feira o sétimo toque de recolher consecutivo à noite, mas determinou que ele começará uma hora mais tarde, a partir das 23h, até às 4h de sábado. As cidades de Valdivia, Tocopila e Mejillones anularam seus toques de recolher, apesar disso, tornando-se as três primeiras comunas chilenas a retirar a restrição de circulação.

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Em Valparaíso, sede do poder legislativo, protestos no começo da tarde deixaram dois policiais feridos e levaram o deputado Iván Flores a suspender todas as atividades marcadas no Congresso Nacional, em caráter, segundo ele, “preventivo”.

Mais cedo, motoristas e caminhoneiros engarrafaram rodovias que ligam Santiago ao restante do país, para pedir uma redução nas elevadas taxas de pedágio, congestionando as vias na hora do rush.

População esperançosa

Uma pesquisa realizada pelo instuto Ipsos divulgada nesta sexta-feira (25) verificou que 57% da população chilena entende que os protestos são o começo de uma mudança maior que acontecerá no Chile em médio prazo, e que 30% acreditam que o processo transformativo já começou, enquanto só 10% acham que não haverá mudanças significativas no futuro do país.

 Para 67% da população, os protestos acontecem porque “as pessoas se cansaram do custo de vida, das altas de preços, do nível dos salários, da qualidade da saúde, do tamanho das aposentadorias”. Em seguida, 16% entende que a classe política não foi capaz de ouvir às demandas populares. Só 10% acha que os protestos foram uma oportunidade para a violência e o vandalismo. Ainda assim, 61% acharam o toque de recolher decretado por Piñera como justificado, enquanto 34% discordaram da medida.


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