Evo Morales comemorou vitória e disse que soberania boliviana deve ser respeitada
Reprodução/Twitter/evoespueblo
Evo Morales comemorou vitória e disse que soberania boliviana deve ser respeitada

Com uma diferença de 10,13 pontos percentuais do segundo colocado, o que lhe garantiria uma vitória no primeiro turno, o presidente boliviano , Evo Morales, aumentou o tom nesta quinta-feira (24) e chamou o opositor, o ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), de criminoso . Em uma entrevista coletiva onde comemorou a vitória, com mais de 98% dos votos oficiais computados, Morales afirmou que comunidade internacional deve respeitar a soberania boliviana.

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"Boas notícias... Nós já vencemos no primeiro turno", disse Morales em entrevista coletiva. "A OEA [Organização dos Estados Americanos], como observadora do processo eleitoral, e a comunidade internacional devem respeitar a Constituição boliviana", acrescentou.

O bom humor com que Morales iniciou a coletiva mudou após a pergunta de um dos jornalistas, que lhe questionou se ele temia ir para o segundo turno. Depois de apresentar argumentos históricos, o presidente enfatizou que a democracia será defendida.

"Restam cerca de 120 mil votos. Respeitaremos se o resultado final indicar que existe um segundo turno, e se o resultado disser que não há, nós o defenderemos. Como seria bom ir para o segundo turno", salientou.

Com 98,42% dos votos computados, a diferença entre os dois candidatos é agora de 10,13 pontos percentuais: Morales tem 46,83%, e Mesa 36,7%. Na Bolívia, para evitar um segundo turno é necessário que o candidato vitorioso tenha 50% mais um dos votos ou mais de 40% e uma diferença de dez pontos sobre o segundo colocado.

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Na véspera, em meio à crise desencadeada por um confuso processo de apuração das eleições presidenciais do último domingo, a missão de observação da OEA apresentou, em Washington, um relatório preliminar pedindo que haja um segundo turno mesmo que o presidente Evo Morales vença “devido ao contexto e aos problemas evidenciados no processo eleitoral”.

"O presidente claramente nos culpou, a mim em particular, de sermos os responsáveis por essa suposta intenção de interromper a ordem constitucional. Minha primeira resposta clara e categórica diante dessa incrível acusação é que se há alguém que rompeu e rompe sistematicamente a ordem constitucional na Bolívia (essa pessoa) se chama Evo Morales", disse Mesa na quarta-feira, criticando a tentativa do presidente de tentar uma reeleição indefinida no referendo de 2016, no qual foi derrotado. "Essa resposta do povo boliviano, esse não categórico à reeleição, o transformou em um candidato ilegal".

A confusão que cerca a apuração da eleição presidencial boliviana é agravada pelo fato de haver duas contagens. A manual voto a voto — na Bolívia não há urna eletrônica — é a que vale oficialmente, mas o TSE usa também um modelo de contagem rápida, baseado em fotografias das cédulas, enviadas eletronicamente ao TSE pelas mesas eleitorais.

A apuração vem apresentando problemas desde domingo, quando o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) do país  suspendeu e 24 horas depois retomou uma controvertida contagem rápida que apontaria para a vitória de Morales no primeiro turno. O candidato opositor denunciou fraude e convocou protestos. Até agora os resultados oficiais não foram divulgados.

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