A pouco mais de três meses do início das primárias que definirão o candidato democrata à Presidência dos EUA, a campanha do senador Bernie Sanders receberá um apoio crucial nos próximos dias.
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Segundo o jornal Washington Post, a deputada de primeiro mandato Alexandria Ocasio-Cortez , um dos nomes de maior destaque da atual legislatura e representante de uma vertente de esquerda do Partido Democrata, endossará Sanders durante um comício em Nova York no sábado (19).
Antes da reportagem do Post, o próprio Sanders havia insinuado que receberia o apoio de Ocasio-Cortez , durante o debate que reuniu 12 pré-candidatos democratas na noite de terça-feira. Ele disse que uma “convidada especial” iria aparecer ao seu lado no sábado.
No debate, ficou claro que a senadora Elizabeth Warren , também da ala progressista do partido, já é considerada a favorita na disputa interna, dada a queda nas pesquisas do ex-vice-presidente Joe Biden . Sanders, no entanto, que aparece em terceiro lugar entre os eleitores do partido, teve um desempenho bem avaliado pelos analistas políticos, apesar de se recuperar de um infarto sofrido há apenas duas semanas.
Além de Ocasio-Cortez, mais uma deputada anunciou seu apoio a Sanders: Ilhan Omar , uma das congressistas mais atuantes na questão imigratória e a quem Donald Trump mandou, em julho, “ voltar ao seu país quebrado e cheio de crime ”. Omar nasceu na Somália , mas é cidadã americana. Em comunicado, ela disse que “Bernie [Sanders] está liderando um movimento da classe trabalhadora para derrotar Donald Trump, algo que transcende gerações, etnias e geografia”. Outra congressista atacada por Trump, Rashida Tlaib , também deve anunciar seu endosso ao senador no sábado, de acordo com informações da CNN.
Os apoios, especialmente de nomes em alta na política, têm o potencial de alavancar a até agora estagnada candidatura de Sanders. Diante de dois adversários fortes, Joe Biden e Elizabeth Warren , o senador, que disputa a candidatura à Presidência pela segunda vez, mantém seu discurso com forte apelo à universalização do acesso à saúde e à educação superior, além de defender o aumento de impostos sobre os mais ricos.
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O senador, porém, também precisa mostrar que tem capacidade de levar adiante sua campanha, especialmente depois do infarto sofrido no começo do mês, mas que, pelo menos no debate, parece ter ficado para trás. Sanders, de 78 anos , foi um dos mais ativos nas discussões, mesmo quando questionado sobre sua saúde.
"Estou bem", disse, antes de iniciar seu raciocínio em um dos segmentos.
Ao todo, ele falou por 13 minutos , menos do que os 22 minutos de Elizabeth Warren, mas o suficiente para ser considerado um dos destaques, com seu estilo inconfundível. Para o analista Chris Cillizza, da CNN , “ele foi o mesmo Bernie: irascível, impaciente, com um humor sorrateiramente engraçado e totalmente convicto de suas soluções progressistas”. Para Holly Otterbein, do site Politico, apesar da boa performance, o senador terá que convencer seus eleitores de que tem capacidade física de chegar até novembro de 2020 em condições — especialmente físicas — de derrotar Donald Trump.
Fator Warren
Um outro ponto crucial do debate desta terça-feira foi o papel da senadora Elizabeth Warren , agora no posto de favorita na disputa. Ao contrário de seu principal rival, o ex-vice-presidente Joe Biden , ela foi a candidata que mais falou e que mais foi criticada. Pela contagem de Chris Cillizza, da CNN, Warren foi atacada por sete dos seus 11 rivais, que não economizaram palavras.
Um deles foi Pete Buttigieg , que questionou a senadora sobre como ela cobriria os custos de sua proposta para ampliar o Medicare, hoje um sistema de saúde dedicado à população com menor poder aquisitivo. Era uma questão no estilo “sim ou não”, e ela acabou não deixando claro se iria aumentar os impostos da classe média para financiar a iniciativa. Em seguida vieram os ataques de Beto O'Rourke , questionando sua proposta de taxar grandes fortunas, e de Joe Biden, que chamou suas ideias de “ vagas ”.
Para analistas, Warren conseguiu evitar os golpes frontais e se saiu relativamente bem nas respostas. Mais que isso: ao ser visada por praticamente todos os adversários, consolidou sua posição de liderança, contrastando com um Joe Biden cada vez mais apagado. Ao contrário dos últimos debates, o ex-vice-presidente não foi alvo de comentários mais efusivos. Quando perguntado sobre as relações de seu filho Hunter com o setor de energia da Ucrânia, ponto central do inquérito de impeachment contra Donald Trump , deu respostas vagas, mas disse ser capaz de vencer o presidente.
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"O que temos que fazer agora é focar em Donald Trump. Ele não quer que eu seja o candidato. Está indo atrás de mim porque sabe que, se eu for indicado, vou bater nele como se fosse um tambor", disse Biden.
Mesmo assim, ficou claro, assim como nas entrevistas e programas políticos das últimas semanas, que o tema “ Ucrânia ” não vai se descolar tão fácil da sua campanha.