A pouco mais de duas semanas do prazo para a saída do Reino Unido da União Europeia , negociadores dos dois lados veem um “caminho estreito” para um acordo de transição, evitando um ainda mais traumático fim de relacionamento entre Londres e Bruxelas .
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Segundo o principal negociador europeu, Michel Barnier
, qualquer possível acerto precisa ser finalizado ainda nesta terça-feira, a tempo de ser analisado pelos líderes do bloco em reunião marcada para quinta e sexta-feira. Pessoas próximas às conversas dizem que houve avanços, ressaltando que há pontos ainda em aberto e que precisam de ajustes.
Na mesma linha, o presidente da Irlanda , Leo Varadkar , disse que “as informações iniciais mostram que estamos no caminho certo”. Ele deixou claro que temas centrais seguem em aberto, mas revelou que o premier britânico Boris Johnson disse a ele estar “confiante” na aprovação de um eventual acordo no Parlamento .
As declarações são consideradas uma mudança importante de rumo, ainda mais que, na semana passada, as conversas sobre o futuro do Reino Unido estiveram, na visão do governo britânico, " à beira do colapso ", deixando um cenário de um Brexit bem próximo.
Fronteira irlandesa
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O maior entrave a um acerto entre Londres e Bruxelas hoje é a questão da fronteira entre as duas Irlandas. Com o Brexit , viria a necessidade de barreiras físicas dividindo a Ilha da Irlanda , algo que não existe hoje e que, na visão das lideranças locais, fere o Acordo da Sexta-Feira Santa , que colocou fim a décadas de violência na região.
A União Europeia defende que, neste caso, seja adotado um período de transição, com regras específicas para essa fronteira, algo que, até o momento, é rejeitado pelo premier Boris Johnson . Ele afirma que essa seria uma forma branda de forçar a permanência do país no bloco, e sugere um complexo sistema de fiscalização que, por sua vez, não agradou os demais europeus.
Além da questão irlandesa, há “ sérias desavenças ”, nas palavras de Michel Barnier , no teor das palavras sobre a futura relação entre os dois lados. Os britânicos querem manter seu acesso privilegiado ao mercado europeu , porém não querem se submeter às condições impostas por Bruxelas , dizendo que elas vão limitar sua independência econômica.
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A União Europeia , por sua vez, diz que sem essas regras, o Reino Unido terá uma posição muito privilegiada e até injusta no comércio com o restante do bloco.
Novo prazo e votação no sábado
Diante do impasse e apesar das declarações minimamente positivas, os diplomatas consideram difícil sair um acordo até sexta-feira, quando será concluído o encontro de líderes da União Europeia .
Se houver um texto e ele receber o aval de Bruxelas , ele deverá ser votado no dia seguinte no Parlamento , em uma rara sessão de sábado. O presidente da casa, Jacob Rees-Mogg , disse que tudo dependerá dos eventos dos próximos dias, mas sinalizou que um acordo, se existir, deve ser aprovado com relativa facilidade.
Ainda há, muito embora ainda no campo das especulações, a possibilidade de uma reunião de emergência dos líderes ainda este mês, caso não haja acerto mas se todos perceberem que falta pouco para acertar as diferenças.
Se nenhum desses cenários se concretizar, Boris Johnson será obrigado a pedir formalmente uma extensão do prazo para o Brexit , hoje previsto para o dia 31 de outubro. Se não cumprir a ordem , corre o risco até de sair preso do Parlamento .
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Nesta segunda-feira, a rainha Elizabeth II disse, em discurso de abertura dos trabalhos no Parlamento , que o cumprimento desse prazo é uma prioridade do atual governo, lendo um texto preparado por Johnson . Mais tarde, ele foi acusado de fazer uso eleitoral da rainha .