A cerimônia de canonização de Irmã Dulce será neste domingo, presidida pelo Papa Francisco, a partir das 5h15. No mesmo dia, a homenageada ganha o primeiro santuário do mundo dedicado a ela: a Paróquia e o Santuário Santa Dulce dos Pobres, em Salvador.
Na capital baiana, a missa em homenagem à Santa Dulce dos Pobres vai ser tamanho família: a arena Fonte Nova será o palco da festividade dos baianos e visitantes, católicos ou não, que vão celebrar, em 20 de outubro, a canonização. Irmã Dulce morreu em 1992, aos 78 anos. 27 anos depois, a Bahia, o Brasil e o mundo ganham uma nova santa.
Conhecida como “anjo bom da Bahia”, a Irmã Dulce vai ser a primeira santa nascida no Brasil. E as histórias de graças alcançadas não faltam. A canção Doce Luz foi feita especialmente para a canonização de Santa Dulce dos Pobres.
Para a baiana e professora aposentada Miralva Oliveira, é só escutar a música e vem a emoção. Aos 74 anos, ela conta que teve uma graça alcançada por Irmã Dulce, em agosto deste ano, quando já estava internada para retirar uma pedra no sistema urinário. Depois de vários exames que confirmavam o diagnóstico, o cirurgião se viu diante de algo inexplicável.
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“Na hora que o médico chegou com o resultado da tomografia, ele me disse que eu não tinha a pedra mais e perguntou o que aconteceu. Eu levantei a blusa e mostrei que o santinho dela estava pregado na minha calcinha. Toda noite eu me entregava a ela, pedia sua intervenção”.
Miralva mora na cidade de Paramirim, a quase 700 quilômetros de Salvador , terra de Irmã Dulce. Foi lá onde nasceu Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, em 1914. E foi em Salvador onde Miralva estava para a cirurgia que não aconteceu. Para ela, foi uma grande emoção.
“Maior emoção. Uma santa brasileira e baiana. A gente só pode sentir orgulho e louvar a Deus. E toda vez que eu vejo os depoimentos dela na televisão, eu olho para ela e parece que ela está olhando para mim, eu choro de emoção. Eu tenho verdadeira fé nela”.
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“Irmã Dulce era o céu encarnado em uma pessoa”. Assim a descreve, o advogado, também de Paramirim, Antônio Gilvandro Neves. Com riqueza de detalhes, ele relata os vários encontros que teve com a irmã Dulce, em Salvador. Com o exemplo e a ajuda de Dulce, Antônio montou, em 1976, a residência dos jovens de Paramirim, que se mudavam para estudar na capital.
Pequenina, com menos de um metro e meio e pouco mais de 40 quilos, irmã Dulce era grande na boa vontade. O baiano Antônio descreve a nova santa como uma inspiração e exemplo de resiliência para lidar com as adversidades, já que Dulce era, também, alvo de chacotas e tinha as intenções questionadas.
“É uma fonte de inspiração. Transpirava, respirava e inspirava o bem. Ela viva para isso. Ela não desesperava: ‘pode deixar, Deus vai dar um jeito. A noite pode ser muito longa mas chega o dia’”.
A expressão “anjo bom da Bahia” não é à toa: foi uma vida dedicada aos pobres, doentes e aos socialmente excluídos. Nos anos 1940, a irmã não tinha para onde ir com 70 doentes, e conseguiu abrigar as pessoas em um galinheiro, ao lado de um convento de Salvador. Hoje, as Obras Sociais Irmã Dulce realizam, segundo a entidade filantrópica, 3 milhões de procedimentos ambulatoriais, por ano, em todo o estado da Bahia - e só faz atendimentos gratuitos, pelo SUS.