O presidente dos Estados Unidos , Donald Trump , admitiu nesta quarta-feira (9) que poderá cooperar que o inquérito da Câmara que pode levar a abertura de um processo de impeachment contra ele se tiver seus direitos garantidos. A declaração vem um dia depois de a Casa Branca informar à Câmara que não pretende colaborar com as investigações, conduzidas por três comissões do Legislativo.
Em carta enviada aos presidentes da Câmara e das comissões de Inteligência, Relações Exteriores e Fiscalização e Reforma, todas lideradas pela oposição democrata, nesta terça-feira, Pat Cipollone, conselheiro legal da Presidência dos EUA, afirmou que a investigação é “inconstitucional” por não ter sido aprovada pelo plenário da Casa. Questionado nesta quarta-feira por um repórter se cooperaria com as demandas dos democratas por depoimentos e documentos se uma votação for realizada, Trump disse: "Iremos se eles nos derem nossos direitos."
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Trump, no entanto, também reforçou a ofensiva para desacreditar o processo . O presidente agora exige que o informante que relatou a suposta pressão sua sobre o colega ucraniano Volodimir Zelenski para investigar Joe Biden, seu potencial rival democrata nas eleições de 2020, seja exposto publicamente. Nos EUA, a identidade destes denunciantes é protegida por lei.
Trump usou como argumento para isso relato não confirmado publicado pelo jornal Washington Examiner de que o inspetor-geral da comunidade de inteligência americana, Michael Atkinson, responsável por avaliar a denúncia e encaminhá-la à Câmara, teria descoberto que o informante tem um viés político, tendo trabalhado para um dos pré-candidatos democratas à eleição presidencial do ano que vem.
“As informações do denunciante sobre minha conversa ‘sem pressão’ com o presidente ucraniano têm sido tão incorretas, e agora com este conflito de interesses e envolvimento com um candidato democrata, que ele ou ela deve ser exposto e devidamente interrogado”, escreveu Trump no Twitter.
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Assim, o presidente americano também afirmou acreditar que a queda de braço entre a Casa Branca e a liderança democrata da Câmara em torno das investigações provavelmente será levada à Suprema Corte.
"Provavelmente acabará sendo um grande caso da Suprema Corte", disse, ressaltando que ele e seu Partido Republicano foram “muito mal tratados pelos democratas”.
Biden, por seu lado, disse nesta quarta-feira pela primeira vez que apoia o processo de impeachment contra Trump. Segundo Biden, o presidente desrespeita a Constituição ao tentar bloquear o inquérito.
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"Com suas palavras e ações, o presidente Trump indiciou a si mesmo", afirmou Biden em evento de campanha no estado de New Hampshire. "Ao obstruir a Justiça e se recusar a responder às demandas do inquérito do Congresso, ele já se condenou. Na visão de todo mundo e do povo americano, Donald Trump violou seu juramento ao cargo, traiu esta nação e cometeu atos passíveos de impeachment. Para preservar nossa Constituição, nossa democracia, nossa integridade básica, ele deve ser alvo de impeachment."