As manifestações no Iraque contra corrupção do governo, melhores condições de serviços e mais empregos
Reprodução/ Twitter
As manifestações no Iraque contra corrupção do governo, melhores condições de serviços e mais empregos

Milhares de manifestantes voltaram às ruas no Iraque neste sábado (05) para exigir mudança no governo, acusado de corrupção. Além disso a pauta incluia mais empregos e melhores serviços públicos, no quinto dia de uma onda de protestos que já deixou quase cem mortos.

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Tiros foram ouvidos tanto na capital do Iraque , Bagdá, quanto em outras cidades do Sul do país, epicentro do movimento, como Diwaniya e Nasiriya. Em Bagdá, as forças de segurança dispersaram a maior concentração popular, diante do Ministério do Petróleo. Cerca de 4 mil pessoas ficaram feridas nos confrontos, segundo a comissão parlamentar de Direitos Humanos do Iraque.

Uma reunião parlamentar que estava prevista para discutir a crise durante a tarde deste sábado não foi realizada por falta de quórum. Os 54 deputados da coalizão do influente líder xiita Moqtada al-Sadr, principal bloco parlamentar, a boicotaram.

Enquanto isso, o presidente do Parlamento prometeu em entrevista coletiva uma longa lista de reformas, principalmente no que diz respeito ao desemprego.

Sadr, um peso pesado na política iraquiana e cuja coalizão participa do governo, apoiou na sexta-feira a principal reivindicação dos manifestantes e pediu ao governo de Adel Abdel Mahdi que renuncie , “para evitar mais derramamento de sangue”. Ele também solicitou eleições antecipadas sob supervisão da ONU.

“Cinco dias de relatórios de mortos e feridos, isso tem que acabar”, reagiu no Twitter a representante especial das Nações Unidas no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, que fez um apelo: “Peço a todas as partes uma pausa para refletir”,

Nascido nas redes sociais, o movimento protesta contra a corrupção, o desemprego e a decadência dos serviços públicos em um país destroçado por décadas de conflitos, guerras e sanções, com escassez crônica de eletricidade e água potável.

A onda de protestos é o primeiro grande teste do governo do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, no poder há apenas um ano. Apesar do caos, o toque de recolher foi levantado ao amanhecer deste sábado em Bagdá, e o comércio reabriu em diferentes bairros.

Mas as ruas que levam à Praça Tahrir, centro dos protestos em Bagdá, foram isoladas por uma grande mobilização de veículos policiais e blindados.

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Na sexta-feira, confrontos violentos aconteceram entre manifestantes, em sua grande maioria jovens, e forças de segurança, e tiros foram ouvidos até altas horas da noite. "Se as condições de vida não melhorarem, a disputa será retomada e a situação será muito pior", alertou Abu Salah, 70 anos, antes das novas manifestações.

De acordo com uma avaliação final realizada no sábado pela comissão de direitos humanos do governo iraquiano, 93 pessoas foram mortas desde terça-feira, a grande maioria delas manifestantes, e cerca de 4 mil ficaram feridas. Já o semioficial Alto Comissariado para os Direitos Humanos do Iraque, citado pela agência Reuters, diz que o número de mortos chega a 94.

A maioria dos manifestantes mortos foi baleada, segundo fontes médicas, que informaram no dia anterior que seis policiais morreram durante os quatro dias de violência.

As autoridades têm pedido calma aos manifestantes para implementar reformas para melhorar as condições de vida dos 40 milhões de habitantes do país.

Os protestos parecem ser um movimento espontâneo e é apresentado pelos manifestantes como “não partidário”. "Ninguém nos representa" afirmou um manifestante à agência AFP. "Não queremos ninguém que fale em nosso nome".

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As autoridades iraquianas estão vendo um novo fenômeno se desdobrar diante delas, diz Fanar Haddad, especialista em Iraque . "Essas são manifestações antissistema", explica. "É a primeira vez que vemos pessoas reivindicando a queda do regime. O que agora pode satisfazer as pessoas são grandes mudanças e decisões radicais, como a demissão de grandes nomes da política acusada de corrupção", avaliou, por sua vez, Sarmad al-Bayati, especialista em questões de segurança.

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