A agenda encurtada do presidente Jair Bolsonaro durante a 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, na próxima semana, levou à suspensão do que seria o primeiro encontro bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. O britânico, líder do Partido Conservador, se tornou um importante aliado do Brasil na questão das queimadas da Floresta Amazônica.
Também saíram da programação de Bolsonaro reuniões com Estados Unidos, Polônia e Colômbia, além de Peru, Ucrânia e África do Sul, conforme antecipado pelo GLOBO. Com isso, segundo integrantes do governo brasileiro, não há expectativa de encontros bilaterais durante a viagem.
A previsão inicial era de que Bolsonaro e Trump conversassem antes de seus discursos na Assembleia. O Brasil faz o discurso de abertura e, em seguida, é a vez dos Estados Unidos, o anfitrião do evento. Esta possibilidade ainda não está descartada.
As reuniões com os setes chefes de Estados ainda estavam sendo alinhavadas, mas o governo brasileiro declinou após recomendação médica para que Bolsonaro diminuísse as atividades durante a Assembleia da ONU . O presidente se recupera de uma cirurgia para correção de uma hérnia , realizada no dia 8 de setembro. Após nove dias internado no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, Bolsonaro retornou nesta segunda para Brasília.
A conversa com o premier birtânico teria como pontos principais a Amazônia e a possibilidade de um acordo de livre comércio. Durante o encontro da cúpula do G7, no mês passado, Johnson se insurgiu contra o presidente da França, Emmanuel Macron , e o acusou de usar a floresta para interferir no acordo entre União Europeia com Mercosul.Os britânicos ainda doaram ao Brasil R$ 50 milhões para ajudar no combate aos incêndios.
A Amazônia também deveria ser também o tema de debate com o presidente da Colômbia, Iván Duque, outro líder de direita na América do Sul. Os dois vêm conversando sobre um plano conjunto dos países da região amazônica e também sobre a crise na Venezuela.
O encontro com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, marcaria a aproximação de Bolsonaro com outro líder conservador e alinhado a Trump. Os poloneses integram o Grupo Visegrado, ao lado de Hungria, República Tcheca e Eslováquia, onde a direita nacionalista está no poder. Segundo uma fonte do governo brasileiro, esse grupo apoia a criação de uma nova política internacional para o meio ambiente, como alternativa ao Acordo de Paris.
Ucrânia, África do Sul e Peru
O Brasil tem interesses estratégicos na relação com Ucrânia, África do Sul e Peru. No caso da Ucrânia, havia uma forte aproximação política com o ex-presidente conservador Petro Poroshenko . Ele e Bolsonaro se reuniram em um encontro paralelo ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, no início deste ano. Mas Poroshenko perdeu as eleições de abril para o ex-comediante Volodymyr Zelenskiy , que tomou posse em maio.
A África do Sul é membro do Brics — bloco que também é integrado por Brasil, Rússia, Índia e China. O encontro com o líder sul-africano Cyril Ramaphosa seria uma preparatória para a reunião de cúpula do grupo, que acontecerá em Brasília, em novembro.
Da direita tradicional peruana, o presidente Martín Vizcarra tem demonstrado afinidade com Bolsonaro nos principais temas ligados à região, sendo um deles a situação na Venezuela. Assim como o presidente brasileiro, Vizcarra considera o governo do chavista Nicolás Maduro ilegítimo e reconhece como presidente daquele país o líder opositor Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional. No campo econômico, Brasil e Peru pretendem ampliar um acordo firmado há cerca de três anos.
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O embarque da comitiva brasileira, que incluirá o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ocorrerá no dia 23 — o planejamento inicial era que Bolsonaro viajasse para os Estados Unidos no dia 22. A volta ao Brasil está prevista para o dia 25. Antes, porém, Bolsonaro passará por Dallas, no Texas, onde no aeroporto deverá ter um rápido encontro com empresários ligados ao setor militar dos Estados Unidos.