O presidente do Chile, Sebastián Piñera, reagiu nesta quarta-feira (4) às declarações de Jair Bolsonaro (PSL) em ataque à ex-presidente chilena Michelle Bachelet
. Em pronunciamento à imprensa em frente ao Palácio de La Moneda, em Santiago, Piñera afirmou que "não compartilha em nada" com o que disse o brasileiro e cobrou "respeito".
Pela manhã, Bolsonaro disse à imprensa e compartilhou em suas redes sociais mensagem na qual faz menção ao pai de Michelle Bachelet, torturado e morto durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
O presidente brasileiro afirmou que Bachelet
, "seguindo a linha do [presidente francês. Emmanuel] Macron", se "intromete" nos assuntos internos e na soberania brasileira ao dizer que o "espaço democrático" no Brasil "está encolhendo". A declaração da chilena, que ocupa o posto de Alta Comissária para Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), foi dada em entrevista nessa terça-feira (3).
"Bachelet diz que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à epoca", escreveu Bolsonaro em seu Facebook.
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Piñera, que é um dos principais expoentes da direita em ascenção na América do Sul, rebateu o presidente brasileiro. "Todos têm o direito de ter o próprio juízo histórico sobre os governos que tivemos no Chile nas décadas de 1970 e 1980. Mas, sem prejuízo às divergências que podem existir, sempre estas visões devem ser expressadas com respeito às pessoas", afirmou.
"Desse modo, não compartilho em nada com a alusão feita pelo presidente Bolsonaro a respeito de uma ex-presidenta do Chile e, especialmente, em um tema tão doloroso como a morte de seu pai", concluiu Piñera .
Pai de Michelle, Alberto Bachelet era general da Força Aérea e foi um dos militares que se opôs ao golpe que instaurou a ditadura de Pinochet
no Chile em setembro de 1973. Após ser preso, ele foi torturado e morto apenas alguns meses depois, em fevereiro de 1974.