Um alto diplomata americano disse que os Estados Unidos não vão processar ou buscar outra forma de punir o presidente Nicolás Maduro se ele voluntariamente deixar o poder, apesar de ter levado o país a beira do colapso econômico e do desastre humanitário.
Leia também: Venezuela negocia secretamente com EUA em meio a desnutrição de 20% da população
Elliott Abrams, enviado especial para a Venezuela, diz não ver indício de que Maduro deseje renunciar. Mas sua oferta de anistia era uma mensagem a Maduro depois do que os dois líderes falaram sobre conversas envolvendo integrantes do alto escalão, algo que Abrams disse que não aconteceu.
— Não é perseguição — disse Abrams sobre Maduro em uma entrevista na terça-feira. — Não estamos atrás dele. Queremos que ele tenha uma saída digna e se vá. Não queremos processá-lo, queremos que deixe o poder.
Leia também: Alberto Fernández defende diálogo como solução para crise venezuelana
O Departamento do Tesouro, no ano passado, acusou Maduro de lucrar com o tráfico de drogas ilegais na Venezuela , mas não quis apresentar uma denúncia. O apelo mais suave, talvez pragmático, contrasta com os oito meses de sanções, isolamento internacional e ameaças do governo Trump de uma intervenção militar contra Maduro e seus apoiadores, acusados de tomar o poder e de manipular as eleições do ano passado.
Você viu?
Líderes de oposição na Venezuela não ofereceram imunidade a Maduro, a quem acusam de prosperar em um governo corrupto que deixou muitos venezuelanos sem comida, eletricidade ou remédios.
Na entrevista, Abrams tenta esclarecer a confusão generalizada em torno dos esforços do governo americano para tentar afastar Maduro da Presidência.
Leia também: Maduro e Trump confirmam contatos diretos entre Venezuela e Estados Unidos
Na semana passada, quando questionado sobre as notícias de negociações secretas entre Washington e Caracas, Trump disse que a Casa Branca estava em contato com o governo da Venezuela "nos mais altos escalões". Horas depois, Maduro confirmou ter autorizado diretamente os encontros secretos com enviados dos EUA.
— Claro, houve contato e continuaremos a manter contato — disse ao vivo na televisão.
Na terça-feira, Abrams disse que não era verdade.
— A ideia de que estamos negociando está totalmente errada — disse Abrams. — A noção de que há um padrão de comunicações está errada. Há mensagens intermitentes e acho que as pessoas vão achar a mensagem que vem de Washington totalmente previsível: você precisa voltar ao regime democrático, Maduro precisa deixar o poder, ele não pode concorrer em uma eleição, as sanções continuam até ele sair do poder.
Os comentários servem para amenizar o clima entre os líderes da oposição venezuelana, que disseram, em privado que as declarações de Trump são um risco às próprias negociações internas com Maduro . Uma delegação liderada pelo principal negociador da oposição, Stalin González, foi a Washington na semana passada para tentar pressionar o governo sobre as politicas para a Venezuela.