Acusado de ligação com terroristas da Al Qaeda e procurado pelo FBI, o egípcio Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim é alvo de um procedimento investigatório do Ministério Público Federal de São Paulo. A investigação corre em sigilo e faz parte de uma cooperação internacional com os Estados Unidos. As autoridades brasileiras já tinham conhecimento do
caso, que foi aberto antes de o FBI
divulgar a foto de Ibrahim no Twitter numa lista de procurados da polícia americana sob suspeita de terrorismo na semana passada.
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O egípcio , sua mulher brasileira e até mesmo sua sogra prestam esclarecimentos nesta segunda-feira (19) a agentes do FBI, acompanhados de procuradores do MPF. Ibrahim se casou com uma brasileira em junho do ano passado num cartório no bairro do Pari, na capital paulista. Ela está grávida de quatro meses.
Em entrevista na última quinta-feira (15), Ibrahim negou as acusações e alegou que é vítima de perseguição política no Egito. Afirmou ainda que apoiava o movimento político
ligado ao ex-presidente Mohamed Mursi, que acabou deposto do poder pelos militares em 2013. Na sexta, o egípcio foi ouvido pela PF no aeroporto de Guarulhos
e reiterou que não
ligação com grupos terroristas.
"Não sou terrorista. Eu resolvi refazer a minha vida e já estou no Brasil há dois anos casado e trabalhando. Tenho muito medo de ser extraditado porque os dissidentes do governo
do meu país são torturados e mortos", afirmou à imprensa.
Segundo pessoas próximas ao egípcio, Ibrahim já está sendo monitorado pela PF
há cerca de seis meses, quando foi abordado numa Mesquita de Guarulhos por agentes e teve que
prestar esclarecimentos pela primeira vez.
Segundo fontes ligadas às investigações, o governo brasileiro ainda aguarda mais elementos do FBI para decidir sobre a situação de Ibrahim .
O FBI suspeitaria de uma empresa de turismo aberta por Ibrahim na Turquia, para onde fugiu inicialmente. Lá, ele transportava turistas para Capadócia e Instanbul, entre outros
destinos turísticos. O FBI
acredita que ele também levaria suspeitos que iam pra Síria, Afeganistão e outros países onde há operação de células terroristas.
Além disso, os agentes americanos também teriam encontrado movimentações suspeitas nas contas bancárias de Ibrahim. A defesa alega que a família de Mohamed
tinha uma situação
financeira confortável no Egito antes de os militares tomarem o poder em 2013. Seriam donos de uma empresa de tecelagem. O egípcio
era professor de árabe numa universidade no
Cairo.