A reunião do Foro de São Paulo que foi realizada no final de semana em Caracas , terminou com uma declaração de apoio ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Responsabilizado por críticos pela maior crise econômica e política da História venezuelana, que já levou mais de 4 milhões de pessoas a deixarem o país, Maduro sofre forte pressão internacional para abandonar o poder.
O comunicado divulgado ao final do evento faz apelos para que as sanções aplicadas à Venezuela pelos Estados Unidos sejam suspensas. Os americanos lideram um grupo de mais de 50 países que reconhecem o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
"A Venezuela é uma das democracias mais atacadas pelo governo dos EUA e seus aliados", diz o documento. "As medidas coercivas unilaterais impostas pelos Estados Unidos contra Cuba e Venezuela são genocídio e violação maciça de direitos humanos."
Quando foi fundado, em 1990, convocado pelo PT , o Foro de São Paulo buscava rearticular a esquerda latino-americana em meio ao fim daGuerra Fria e a governos que lançavam pacotes de austeridade fiscal para colocar suas economias em ordem.
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A edição deste ano, entretanto, foi vista pela oposição venezuelana como uma tentativa de desviar a atenção para a grave crise que o país enfrenta.
Figuras proeminentes da esquerda que geralmente participam da reunião, como o presidente boliviano Evo Morález e a líder do PT, Gleisi Hoffmann , que compareceu ao último encontro, não estiveram presentes na Venezuela. O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega , cuja repressão violenta a protestos de opositores dividiu o grupo na reunião de 2018, em Havana, também não foi a Caracas.
“Há pessoas que cedem, que têm medo de tirar uma foto com a Venezuela e dizem: ‘Maduro é um ditador’, repetindo as mentiras de Donald Trump ”, disse Maduro.
Visto como um encontro "anti-imperialista", o Foro explicou em suas conclusões que Washington, cujas sanções incluem o embargo ao petróleo venezuelano, busca "impor um cenário de guerra" na região. Isto, segundo o grupo, fica evidenciado pelas "múltiplas formas de agressão contra a Venezuela, particularmente através do bloqueio criminoso imposto pelos Estados Unidos".
Na reunião, que reuniu cerca de 720 delegados de mais de 70 países, Maduro afirmou que "uma união verdadeira da esquerda é fundamental" quando o grupo "tem fama de ter um vírus para a autodivisão".
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Com a economia reduzida pela metade em cinco anos e uma inflação projetada pelo FMI de 10.000.000% para final de 2019, Maduro acusa os Estados Unidos de realizar um plano para derrubá-lo.
Venezuela "sitiada"
Entre os aliados de Maduro, o único que compareceu ao encontro foi o presidente cubano Miguel Díaz-Canel , que afirmou que a Venezuela, apesar de "sitiada", é a "primeira trincheira da luta anti-imperialista" no combate aos governos de direita.
“Ratificamos frente ao mundo nosso respaldo ao presidente Nicolás Maduro”, disse Díaz-Canel, aplaudido por partidários do líder venezuelano e delegados internacionais.
Segundo o presidente de Cuba , o "cerco se fecha cada vez mais" sobre Cuba, assim como sobre a Venezuela e Nicarágua.
“A administração dos Estados Unidos começou a atuar com maior agressividade para impedir a chegada de combustível a Cuba, querendo cortar nossa luz, água e até o ar”, disse Díaz-Canel.