Ex-presidente argentino morreu nesta terça-feira, aos 81 anos
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Ex-presidente argentino morreu nesta terça-feira, aos 81 anos

Morreu nesta segunda-feira, em Buenos Aires, o ex-presidente argentinoFernando De la Rúa , aos 81 anos, após ser internado com problemas cardíacos e renais. A notícia foi confirmada pelo atual líder argentino, Maurício Macri, em sua conta no Twitter.

"Lamento o falecimento do ex-presidente Fernando de la Rúa. Sua trajetória democrática merece o reconhecimento de todos os argentinos. Sentimentos à sua família neste momento", disse Macri.

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De la Rúa, que renunciou em 2001, dois anos após chegar à Casa Rosada, teve seu mandato marcado pela maior crise política, social e econômica da história da Argentina . O ex-presidente foi para muitos o líder mais preparado que já chegou à Casa Rosada e a maior desilusão de uma classe política que buscava uma alternativa política ao peronismo.

Nos últimos anos, o ex-presidente enfrentou uma série de problemas de saúde: em janeiro de 2016, passou por uma cirurgia na bexiga e, em agosto de 2014, foi submetido a uma angioplastia. Um mês depois à intervenção cardíaca, voltou a ser internado para um procedimento que já estava previsto.

No início de 2019, a condição de saúde de De la Rúa voltou aos holofotes. No dia 1° de janeiro, passou por uma nova cirurgia cardíaca, ficando um mês internado. No meio de maio, retornou à unidade de terapia intensiva por graves problemas renais.

Partida de helicóptero

Eleito com mais de 50% dos votos com a promessa de dar fim a políticas neoliberais e corrupção, deixou o poder após sucessivas greves e protestos e de uma repressão policial que deixou dezenas de mortos. Sua imagem deixando a Casa Rosada de helicóptero após renunciar, como se fugisse de um ataque, ficou gravada na memória dos argentinos .

"Não estava escapando de nada", afirmou anos depois, admitindo que havia sido um erro. "Naquele momento, não compreendi a dimensão do golpe que produzira".

Após dois mandatos consecutivos do peronismo neoliberal de Carlos Menem, caracterizados pelas denúncias de corrupção e e elevado desemprego, o político nascido em Córdoba chegou à Presidência em 1999 prometendo mudanças e transparência, mas herdando uma crise econômica com a qual não conseguiu lidar. A coalizão social-democrata acabou mantendo as receitas econômicas neoliberais criticadas durante a gestão de Menem e o alinhamento com o Fundo Monetário Internacional ( FMI ).

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Seu capital político começou logo a se apagar, em meio às denúncias de que seu governo teria tentado subornar senadores para aprovar uma lei de reforma trabalhista, e com a saída do vice Carlos "Chacho" Álvarez, decepcionado com o presidente debilitando a coalizão de governo.

A desconfiança com a economia que não avançava — e com taxas de pobreza  altas — crescia, enquanto o governo não conseguia tomar medidas devido ao rígido sistema cambial que atrelava o peso ao dólar.

A crise explodiu em dezembro de 2001. A Argentina já estava em seu quarto ano de recessão, o desemprego chegava  a 18,5% e o país se debatia entre a desvalorização do peso — havia dez anos atrelado ao dólar — e a dolarização total da economia.  Seu ministro da Economia, Domingo Cavallo, ainda tentou limitar os saques bancários para tentar estancar a sangria de depósitos, o chamado "corralito".

Mas os protestos e os "cacerolazos" da classe média se multiplicavam até que De la Rúa ordenou a repressão das manifestações. Acusado pelas mortes dos manifestantes, em 20 de dezembro de 2001 ele renunciou, se afastando da política. De la Rúa acabou inocentado dos processos pelas mortes de manifestantes e da acusação de suborno de senadores para a aprovação de leis. Seu partido, a União Cívica radical, integra hoje a aliança governista Cambiemos, de Macri.  Seu corpo será velado no Congresso argentino.

Saúde frágil

Nos últimos anos, o ex-presidente passou por várias cirurgias: em agosto de 2014 passou por uma angioplastia e colocou dois stents; um mês depois, ele voltou a ser internado para nova operação. Em janeiro de 2016 sofreu uma cirurgia na bexiga. Em janeiro deste ano, uma nova internação para cirurgia cardiovascular.

De la Rúa nasceu em Córdoba em 15 de setembro de 1937. Neto de um emigrante galego que fez fortuna, pertencia a uma família de classe média alta. O pai, Antonio, foi presidente do Tribunal Supremo de Córdoba e deputado provincial pela UCR.

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Formado em direito, foi assessor jurídico do Ministério do Interior, antes de ser eleito em 1973 para o Senado. Após o golpe de 1976, se afastou da poítica. Mas em 1983, com a reabertura política, tentou ser candidato à Presidência pela UCR, perdendo a disputa para Raúl Alfonsín, que chegaria à Casa Rosada. Tentou outras vezes ser candidato à Presidência pelo partido, mas acabou retornando ao Congresso como senador e deputado.

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