Milhares de manifestantes bloquearam ruas e estradas de Honduras na noite de quarta-feira, pedindo a renúncia do presidente Juan Orlando Hernández , que foi reeleito em 2017 em um pleito contestado como fraudulento.
A ampliação dos protestos que vêm ocorrendo há dois meses , contra reformas acusadas de visar ampliação da privatização dos serviços de educação e saúde, foi facilitada por uma greve da Direção Nacional de Forças Especiais (DNFE), a polícia antidistúrbio que se retirou das ruas de Honduras . Os integrantes da corporação pedem benefícios sociais, como a revisão dos seus seguros de vida e a criação de um fundo para gastos com saúde.
Durante a madrugada desta quinta-feira, os manifestantes ergueram barricadas de pedras e pneus incendiados nas ruas.
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"A base da Polícia Nacional ratifica seu compromisso em favor do povo hondurenho. Manteremos a garantia de não repressão contra nosso povo e de respeito a seus direitos humanos", disse um agente com o rosto coberto por uma máscara, lendo um comunicado. "Expressamos nosso mal-estar e descontentamento com o governo diante da atual crise ", acrescentou, ao lado de outros policiais, no portão de entrada do quartel da DNFE.
De acordo com imagens exbidas por emissoras de TV locais, o bloqueio das ruas e estradas se estendia a outras cidades além da capital, Tegucigalpa. O governo também enfrenta o segundo dia de uma greve de caminhoneiros, que já provoca falta de combustíveis nos postos.
A residência presidencial era protegida na noite de quarta-feira pelas forças da Polícia Militar e do Exército, enquanto nas ruas os manifestantes gritavam "fora JOH, fora JOH", referindo-se ao presidente pelas iniciais do seu nome. O chefe da polícia, Orlin Cerrato, disse em uma entrevista coletiva que estava procurando uma solução para a reivindicação dos integrantes das forças antidistúrbios, que somam 3 mil homens.
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No dia 28 de junho, na próxima semana, completam-se dez anos do golpe que derrubou o presidente hondurenho Manuel Zelaya, acusado de buscar organizar um referendo para obter a aprovação popular para mudar a Constituição , que proibia a reeleição, e disputar um segundo mandato.
Juan Orlando Hernández, eleito pela primeira vez em 2014, mudou a composição da Suprema Corte, que avalizou a mudança constitucional. Sua reeleição no final de 2017 foi contestada pela coalizão opositora, e a Organização dos Estados Americanos chegou a pedir a realização de um novo pleito.
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Honduras é um dos países que mais exportam imigrantes para os Estados Unidos, expulsos pela pobreza e a violência que assolam o país.