No poder desde 2006, Daniel Ortega enfrenta crescente onda de protestos há um ano
Cancillería del Ecuador
No poder desde 2006, Daniel Ortega enfrenta crescente onda de protestos há um ano

 No último dia para a libertação dos presos políticos da Nicarágua , nesta terça-feira, governo e oposição chegam a novo impasse. Enquanto o governo de Daniel Ortega afirma que já cumpriu o compromisso, a oposição diz que 89 presos por participarem de protestos contra o presidente ainda estão detidos. 

A libertação de todos os presos era um compromisso assumido pelo governo da Nicarágua após negociações com a opositora Aliança Cívica para a Justiça e Democracia (ACJD), líder dos protestos que exigem a renúncia de Ortega , e que terminaram com 325 mortos e 62.500 exilados, segundo grupos humanitários.

“Todas essas pessoas gozam de liberdade, com o compromisso de não repetir os crimes, conforme estipulado na Lei de Anistia”, disse o governo em um comunicado, que alega que os restantes são criminosos comuns.

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Nos últimos dias, pelo menos 492 pessoas foram libertadas sob uma polêmica lei de anistia aprovada em 8 de junho pelo Parlamento, controlado por Ortega — ex-guerrilheiro, no poder desde 2007.

"As autoridades não cumpriram o acordo de libertar todos os presos políticos ",  disse aos repórteres Carlos Tünnermann, chefe da delegação da ACJD.

A União dos Prisioneiros Políticos, por sua vez, ameaçou realizar novos protestos na quarta-feira, se os prisioneiros não forem libertados.

Os acordos também incluem o fim de detenções arbitrárias, a restituição do direito de protestar, a reunião pacífica, a liberdade de expressão e o retorno de propriedades confiscadas de ONGs e da imprensa.

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Para analistas, uma violação dos compromissos assumidos com a oposição poderia provocar a aplicação de sanções por parte da União Europeia (UE) e um endurecimento das punições impostas pelos Estados Unidos.

"O governo tem dificuldade em provar que vem cumprindo o acordo porque tem havido novas detenções, assédio, intimidações; a liberdade de imprensa é quase mínima e exilados ainda são perseguidos", explica à AFP o analista Gabriel Alvarez.

Para o ex-diplomata Edgar Parrales, o não-cumprimento poderia levar a UE a retirar a Nicarágua do Acordo de Associação com a América Central, a reduzir ou até congelar a cooperação bilateral, a estabelecer restrições de imigração ou a impor sanções aos funcionários do governo.

"Pessoas do governo têm dinheiro e imóveis nos bancos da Europa que poderiam ser afetados ", afirmou à AFP.

Washington também impôs sanções econômicas contra Rosario Murillo, mulher do presidente, seu filho Laureano e cinco outros oficiais de alto escalão, acusados de violações dos direitos humanos e corrupção.

Mais sanções agravariam a crise na Nicarágua , cuja economia contraiu 3,8% no ano passado, segundo dados oficiais, enquanto associações empresariais apontam perdas de cerca de 450 mil empregos e fechamento de pequenas e médias empresas. 

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