Quatro milhões de venezuelanos fugiram da crise econômica e política no país, a grande maioria, 3,3 milhões, desde o fim de 2015, segundo um comunicado conjunto da agência de
refugiados da ONU (Acnur) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) publicado nesta sexta-feira (7). O número é similar ao de pessoas que fugiram de países em guerra
como a Síria, de onde 5,6 milhões foram forçados a fugir desde 2011.
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Na Venezuela, em apenas sete meses, desde novembro de 2018, o número de emigrantes aumentou em 1 milhão. Em média, no ano de 2018, cinco mil pessoas deixaram a Venezuela a cada dia. No mês passado, o Acnur pediu que os venezuelanos que deixam o país sejam tratados como refugiados , que não podem ser expulsos dos países em que buscam abrigo.
O crescimento destaca a necessidade de apoiar os países que recebem essas pessoas, principalmente na América Latina — Colômbia, Peru, Chile, Equador, Brasil e Argentina —,
alerta a ONU
.
"Esse número alarmante evidencia a necessidade urgente de apoiar as comunidades anfitriãs desses países de acolhida", afirmou Eduardo Stein, representante esspecial Conjunto do
Acnur e da OIM para refugiados e imigrantes venezuelanos. "Os países da América Latina e do Caribe estão fazendo sua parte para responder a essa crise sem precedentes, mas não
se pode esperar que eles continuem a fazer isso sem ajuda internacional", acrescentou.
Na quinta-feira (6), o Peru anunciou que vai passar a exigir dos venezuelanos um “visto humanitário” além do passaporte, a partir da semana que vem. O governo alega razões de
segurança.
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Apenas a Colômbia recebeu cerca de 1,3 milhão de venezuelanos, seguida pelo Peru, com 768 mil. No Brasil, o número é de 168 mil, embora nem todos tenham continuado no país. O
México e os países da América Central e do Caribe também recebem um número significativo de venezuelanos.
Além disso, 3,2 milhões de crianças no país — ou uma em cada três — precisam de assistência humanitária , informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em comunicado separado, também nesta sexta-feira.
De acordo com o porta-voz do Unicef
, Christophe Boulierac, as taxas de mortalidade entre menores de cinco anos dobraram desde o início da década, passando de 14 a cada mil em
2010 e 2011 para 31 por mil em 2017.
No final de maio, o governo venezuelano divulgou dados oficiais da economia pela primeira vez em três anos. Os números mostraram que o PIB do país caiu pela metade desde que
Nicolás Maduro chegou ao poder, em 2013, em meio à queda dos preços do petróleo, dos quais a Venezuela é dependente. Os dados oficiais dão conta de uma inflação de 130.060% em
2018, abaixo das estimativas do FMI, que chegam a 1.000.000%
.
A crise se aprofundou com as sanções financeiras e comerciais impostas pelos Estados Unidos, que em fevereiro deste ano proibiu a compra de petróleo dos venezuelanos
por
empresas baseadas no país.