Em sua primeira visita oficial à Argentina como presidente da República , Jair Bolsonaro sinalizou apoio, ainda que discreto, à reeleição de Maurício Macri no país vizinho.
Em discurso proferido na Casa Rosada nesta quinta-feira (6), Bolsonaro
cobrou dos eleitores argentinos "muita razão e menos emoção para decidir o futuro" do país, onde a "emoção" representaria o retorno da ex-presidente Cristina Kirchner ao poder como solução para a atual crise econômica argentina.
Simpatizante do liberal Macri desde antes das eleições de outubro, o capitão da reserva já havia sido mais incisivo em sua declaração de apoio ao atual presidente argentino em outras ocasiões. Em abril, o brasileiro disse temer que a Argentina "vire outra Venezuela" caso a família Kirchner retorne à presidência.
O breve pronunciamento de Bolsonaro na capital argentina nesta quinta se deu logo após reunião a portas fechadas com Macri . No encontro, que começou com atraso de quase uma hora, os presidentes conversaram sobre um possível avanço nas negociações do Mercosul com a União Europeia (UE) para a criação de uma área de livre comércio. A intenção é aproveitar a reunião de cúpula do G-20, no Japão, nos próximos dias 28 e 29 de junho para fechar uma proposta.
Antes de entrar para a reunião ampliada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que espera fechar o acordo com o bloco europeu dentro de três a quatro semanas. O assunto será discutido com os sócios Paraguai e Uruguai durante a cúpula do Mercosul, no dia 17 de junho, na cidade de Santa Fé, na Argentina .
A comitiva brasileira em Buenos Aires é composta por setes ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores); Fernando Azevedo e Silva (Defesa); Paulo Guedes (Economia); Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil); Bento Albuquerque (Minas e Energia); Marcos Cesar Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações); e Augusto Heleno ( Gabinete de Segurança Institucional). Além deles, acompanham a visita o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel; o senador Luiz Carlos Heinze (PP/RS); os deputados federais Marcel Van Hatten (Novo/RS) e Eduardo Bolsonaro (PSL/SP); e o deputado estadual Frederico Antunes (PP/RS).
Leia também: Alcolumbre critica decreto de armas e "trapalhadas" do governo Bolsonaro
Em baixa nas pesquisas para as eleições presidenciais de outubro, Macri espera assinar o acordo de livre comércio com a União Europeia antes da votação. As conversas entre os dois blocos começaram há 20 anos e seriam concluídas ainda em 2019, segundo estimativa do governo brasileiro e de alguns países europeus. Bolsonaro e Macri selarão ainda entendimentos em matéria de defesa, infraestrutura, meio ambiente e comércio, entre outros.
Durante a visita, Bolsonaro terá uma agenda intensa, que incluirá encontros com representantes do Parlamento, da Corte Suprema de Justiça e empresários. Grande parte das reuniões será realizada na Casa Rosada.