A Guatemala registrou 39 assassinatos e 884 ataques contra defensores dos direitos humanos entre 2017 e 2018, apontou relatório apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (21) enquanto o país da América Central se prepara para realizar eleições presidenciais em breve.
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O informe, elaborado pelo Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, recomenda que o governo da Guatemala , comandado pelo presidente Jimmy Morales reforce as medidas de prevenção e proteção dos ativistas, bem como a investigação e julgamento dos delitos cometidos contra eles.
“Temos documentadas informações de ataques contra líderes comunitários e indígenas em razão de suas posições políticas”, destacou a ONU em comunicado sobre a divulgação do relatório. “Esta é outra tendência preocupante, já que a Guatemala se encontra em um processo eleitoral crucial e os ataques aos defensores (dos direitos humanos) colocam em dúvida a credibilidade deste processo”, acrescentou o texto.
O relatório, que contou com a coordenação do Escritório da Procuradoria de Direitos Humanos da Guatemala, entrevistou cerca de 190 pessoas entre ativistas, autoridades e integrantes de missões de monitoramento em todo país. Destas, 86% disseram ter sido atacadas ou ameaçadas ao menos uma vez no período coberto pelo documento.
"O uso constante do discurso de ódio inclusive faz crer que defender os direitos humanos é uma atividade negativa", criticou o procurador de Direitos Humanos da Guatemala, Jordán Rodas.
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A Guatemala está a menos de um mês de realizar eleições presidenciais em meio a um clima de incerteza depois que o Tribunal Constitucional, a Suprema Corte da Guatemala, barrou a candidatura de duas das líderes das pesquisas de intenção de voto.
A primeira foi a ex-procuradora-geral Thelma Aldana , que de líder de cruzada anticorrupção passou a acusada de irregularidades; e Zury Rios, filha do ex-ditador guatemalteco Efrain Rios Montt, que governou o país de março de 1982 a agosto de 1983, um dos períodos mais violentos de uma guerra civil de 36 anos que deixou mais de 200 mil mortos. Além disso, outro candidato na Guatemala , Mario Estrada, foi preso em abril nos EUA sob acusação de tráfico de drogas.