A senadora democrata Kamala Harris , pré-candidata na corrida àPresidência dos Estados Unidos de 2020, propôs nesta segunda-feira que as empresas sejam requeridas a revelar os salários dos seus funcionários, a fim de eliminar as disparidades entre os pagamentos recebidos por homens e mulheres. As companhias estariam sujeitas a multas caso não cumprissem com a medida.
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Atualmente, são os trabalhadores que, em processos judiciais, precisam comprovar que estiveram sujeitos a discriminação, tal como a de gênero, na hora de receber o salário. Com a proposta, esta responsabilidade passaria às mãos dos empregadores, que teriam que mostrar que eliminaram a desigualdade entre homens e mulheres que ocupam as mesmas funções.
Em 2017, as mulheres trabalhadoras em geral ganhavam 80% do que os homens ocupando os mesmos cargos que elas, de acordo com o governo americano. Mulheres integrantes de grupos minoritários ganhavam em média ainda menos.
Harris, durante um comício na cidade de Los Angeles realizado no domingo — o primeiro evento organizado da sua campanha —, criticou a desigualdade de gênero no ambiente de trabalho. "Isso tem que acabar", disse ela diante do público.
De acordo com a sua proposta, que precisa passar no Congresso dos Estados Unidos , as empresas com cem ou mais funcionários teriam que apresentar os dados sobre pagamentos a uma comissão especializada. Seria necessário aos empregadores provar que as diferenças entre salários não se explicam por critérios de gênero, mas sim de mérito, performance ou tempo de prestação de serviços.
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As empresas que não cumprissem com os critérios seriam multadas em 1% de seus lucros para cada diferença salarial de 1% encontrada, considerados os devidos ajustes a variáveis como experiência e desempenho dos funcionários.
A campanha de Harris afirmou que o plano cobriria 28 milhões de trabalhadores e geraria US$ 180 bilhões ao longo de uma década, com a receita caindo à medida que novas políticas salariais forem adotadas. As multas compensariam o custo das políticas universais de licença médica e de família que a pré-candidata democrata apoia.
A senadora, entretanto, reconhece que implementar tal legislação seria difícil, se não impossível, caso os democratas não mantenham o controle da Câmara dos Deputados nem conquistem maioria também no Senado. Se eleita à Presidência no próximo ano, ela afirma que usaria a autoridade executiva do cargo para forçar companhias competindo por contratos com o governo federais acima de US$500 mil a obter esta certificação.
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Caso obtenha a indicação do Partido Democrata para ser a sua candidata final na corrida à Casa Branca, Harris seria a primeira mulher negra a obter este feito. os 54 anos, a filha de imigrantes da Jamaica e da Índia anunciou em janeiro sua candidatura no feriado que homenageia o líder do movimento negro pelos direitos civis, Martin Luther King Jr, assassinado em 1968. Ela causou um rápido impacto em uma corrida democrata fortemente influenciada por mulheres e eleitores de minorias sociais.