Últimos testes na Península Coreana foram criticadas pelo governo dos Estados Unidos
Divulgação/Casa Branca
Últimos testes na Península Coreana foram criticadas pelo governo dos Estados Unidos

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ordenou um exercício de "ataque de longo alcance", detalhou a agência de notícias estatal em Pyongyang nesta sexta-feira (10), horas após a Coreia do Sul revelar testes delançamento de mísseis norte-coreanos de curto alcance.

"No posto de comando, o líder supremo, Kim Jong-un, foi informado sobre um plano de exercício de ataque de vários meios e deu a ordem para a realização" da simulação, segundo a KCNA. Na quinta-feira (9), Pyongyang disparou o que seriam dois mísseis de curto alcance de Kusong, na província de Pyongan do Norte, segundo o Estado-Maior sul-coreano.

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O comunicado da KCNA não define que tipo de arma foi testada, e evita usar as palavras "míssil", "foguete" e "projétil".

"A mobilização e ataque bem-sucedidos, planejados para testar a habilidade de reação rápida das unidades de defesa [...] mostrou o poder destas unidades, que estavam totalmente preparadas para realizar de forma competente qualquer operação e combate", assinalou a KCNA.

A edição desta sexta-feira do Rodong Sinmun, jornal oficial do partido que governa Pyongyang, dedica a primeira página e parte da segunda ao lançamento de quinta-feira, com 16 fotos, uma delas de Kim observando o teste.

O comunicado ocorre no momento em que os Estados Unidos anunciaram captura de um navio cargueiro norte-coreano. O presidente Donald Trump disse que "ninguém está feliz" com os novos testes norte-coreanos, que Pyongyang havia suspendido desde o fim de 2017 em meio ao engajamento de Kim em conversas de paz com líderes internacionais. O chefe da Casa Branca questionou publicamente, nesta quinta-feira, se o Norte estava mesmo "pronto" para negociar o desmantelamento de seu programa nuclear.

O lançamento de dois projéteis norte-coreanos coincidiu com a visita a Seul de um enviado dos Estados Unidos para tentar desbloquear as negociações sobre a crise nuclear entre Washington e Pyongyang. Em Nova York, procuradores federais anunciaram que o "Wise Honest" — um dos maiores navios cargueiros norte-coreanos, segundo os EUA — foi retido por violar as sanções internacionais ao exportar carvão e importar maquinaria.

Na Casa Branca, Trump disse que observa o lançamento de mísseis "muito seriamente" e criticou este passo dado por Pyongyang.

"Eram mísseis pequenos, de curto alcance. Ninguém está feliz com isso. A relação continua. Mas vamos ver o que acontece. Sei que querem negociar, falam sobre isso. Mas não penso que estão prontos para negociar", disse o presidente a jornalistas.

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O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, considerou que os disparos poderiam complicar as discussões com os Estados Unidos.

"Seja quais forem as intenções da Coreia do Norte, alertamos que esse ato poderia tornar as negociações mais difíceis", declarou à televisão local.

O ministro japonês da Defesa, Takeshi Iwaya, afirmou nesta sexta-feira que Tóquio chegou à conclusão de que os últimos lançamentos foram de "mísseis balísticos de curto alcance", o que viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Garantias de segurança

Horas antes do comunicado norte-coreano, o enviado especial dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, desembarcou em Seul para discutir com as autoridades sul-coreanas a abordagem a ser adotada nas negociações nucleares com Pyongyang. Esta foi a primeira visita de Biegun a Seul desde que Donald Trump e Kim Jong-un encerraram antes do previsto e sem acordo a cúpula em Hanói, em fevereiro.

A base de mísseis Sino-ri, de onde teriam partido os disparos, existe a décadas e fica 75 quilômetros a noroeste da capital do Norte. O local abriga o equivalente a um regimento e é equipado com mísseis Nodong-1 de médio alcance, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos Internacionais.

Qualquer lançamento realizado a partir de Sino-ri em direção a leste deveria atravessar a Península Coreana antes de cair no oceano, segundo especialistas. Biegun se reuniu com seu colega sul-coreano Lee Do-hoon, mas sua agenda política não foi divulgada.

Os dois países aliados — Washington tem 28.500 militares posicionados no Sul para fazer frente a possíveis ameaças de seu vizinho do Norte — trabalham juntos na estratégia de negociação com Pyongyang.

Com os disparos desta quinta-feira, "a Coreia do Norte está enviando uma clara mensagem de que não ficará satisfeita com uma ajuda humanitária" de Seul, segundo Hong Min, pesquisador do Instituto Coreano para a Unificação Nacional.

No encontro histórico com Donald Trump , em junho de 2018, em Cingapura, Kim se comprometeu a "trabalhar pela completa desnuclearização da Península Coreana". Mas os dois países não chegaram a um acordo para equilibrar suas demandas. Washington pressiona pelo abandono efetivo do programa nuclear da Coreia do Norte, que pede alívio nas sanções internacionais que pressionam sua economia.

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Na semana passada, Pyongyang alertou os Estados Unidos para o risco de um "resultado indesejável", se o país não ajustar sua posição até o final do ano, depois de três meses de paralisia nas negociações.

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