Antecipadas depois de protestos, eleições na Espanha acontecem nesste domingo e dividem eleitorado
Reprodução/Instagram/Santiago Abascal
Antecipadas depois de protestos, eleições na Espanha acontecem nesste domingo e dividem eleitorado


Cerca de 37 milhões de pessoas são esperadas nas urnas da Espanha neste domingo (28), que realiza votação para definir o Parlamento do País. Segundo pesquisas de intenção de voto, nenhum partido conquistará cadeiras suficientes para governar por conta própria — o que poderia significar complicadas negociações para formar coalizões. 

Mesmo assim, os socialistas do atual primeiro-ministro da Espanha , Pedro Sánchez (Psoe) lideram as intenções de voto. Sánchez O premiê, que está no comando do governo há apenas dez meses, deveria permanecer no cargo até junho de 2020, mas se viu obrigado a antecipar as eleições após uma série de protestos .

Essa é a terceira eleição legislativa no país em três anos e meio. E, assim como na anterior, nenhum partido deve chegar sozinho perto das 176 cadeiras necessárias (num parlamento com 350 assentos) para formar maioria.

Além do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe), que tem cerca de 30% das intenções de voto, liderando as pesquisas, no lado da direita, o eleitorado deve se dividir entre o moderado Partido Popular (PP), o liberal Cidadãos e o Vox, de ultradireita. Conheça principais candidatos dessas eleições legislativas:

Pedro Sánchez - Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe)

Atual primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez , de 47 anos, é o favorito nas pesquisas. Mesmo ganhando,  ele deve precisar de coligações para governar.

Depois de obter um dos piores resultados para os socialistas nas eleições de 2016 e de ser defenestrado da liderança por sua própria sigla, Sánchez retomou as rédeas do partido em 2017 e, em junho de 2018, chegou ao poder -  graças a uma moção de censura contra o conservador Mariano Rajoy, após uma sentença por corrupção contra seu partido.

À frente de um governo minoritário, apoiado por uma maioria diversa (esquerda radical, nacionalistas bascos e separatistas catalães), este economista convocou eleições antecipadas quando os separatistas, com os quais havia iniciado um diálogo sem sucesso, enterraram seu projeto orçamentário.

Seu gabinete é o mais feminino da história espanhola (11 mulheres e seis homens) e seu governo teve um episódio marcante em relação à imigração, quando o premiê abriu os portos ao navio Aquarius e seus 630 migrantes depois de chegar ao poder. Depois de anos de severa austeridade, aumentou o salário mínimo em 22% e tentou negociar um maior grau de autonomia para a Catalunha.

Os partidos de direita concentraram seus ataques em Sánchez, particularmente em suas políticas sobre a Catalunha . Por outro lado, os separatistas catalães que ele precisa para permanecer no poder querem que apoie um referendo de independência — ao qual ele se opõe.

O Psoe é o partido ativo mais antigo da Espanha e um dos dois que dominam o cenário político desde o fim da ditadura de Francisco Franco em 1975. É o que ficou no poder há mais tempo desde então.

Pablo Casado - Partido Popular (PP)

Aos 38 anos, Pablo Casado se tornou em julho o líder mais jovem do conservador Partido Popular. Encarregado da comunicação da sigla na época de Mariano Rajoy, este político formado em direito operou uma reviravolta no PP e selou, na região da Andaluzia, um pacto com o partido Cidadãos (centro-direita liberal) e com a extrema direita do Vox para conquistar este histórico reduto socialista.

Se a mesma aliança se mantiver firme no domingo, Casado — que fez uma campanha muito agressiva contra Sánchez, acusando-o de trair a Espanha ao dialogar com os separatistas catalães — pode se tornar o chefe de governo mais jovem da História da Espanha.

Casado é um defensor dos valores familiares, da monarquia e da Igreja Católica. Ele se opõe ao aborto e à eutanásia, e levou o PP mais para a direita. Por enquanto, porém, as pesquisas antecipam sua derrota, com uma forte redução do número de cadeiras do PP no Parlamento. Elas mostram que os eleitores estão tentados a migrar do partido para o Vox.

Na última sexta-feira (26), Casado admitiu a possibilidade de uma aliança com o partido de extrema direita, além do Cidadãos, para formar governo.

Albert Rivera - Cidadãos

Com apenas 39 anos, Albert Rivera é considerado um dos líderes mais experientes da geração mais jovem de  candidatos que disputam as eleições na Espanha.

Ele trabalhou no CaixaBank antes de fundar o Cidadãos em 2006, um partido pró-europeu originário da Catalunha, que saltou para o cenário nacional em 2015. Assim como Casado, ele se opõe fortemente a qualquer concessão aos nacionalistas catalães, o que se tornou um dos principais pontos de sua campanha.

Ele nomeou Ines Arrimadas — que era líder do partido na Catalunha e foi a mais votada nas eleições regionais de 2017 — como sua número 2 algumas semanas antes da campanha eleitoral.

O pacto na Andaluzia que permitiu ao PP, apoiado também pelo Vox, derrubar o governo regional socialista rendeu críticas ao Cidadãos por "abraçar o nacionalismo populista".

Tendo apoiado PP e Psoe em diferentes regiões, poderia tornar-se um "elemento decisivo" em qualquer negociação após a eleição. Rivera diz que não se aliará a Sánchez, mas o partido já mudou de tática em cima da hora outras vezes.

Pablo Iglesias - Podemos

O cientista político e palestrante Pablo Iglesias , de 40 anos, fundou o Podemos em 2014 com colegas da Universidade Complutense, nascido no calor do movimento antiausteridade dos "indignados".

O Podemos estava perto de superar os socialistas nas últimas eleições, mas disputas internas levaram o ex-número 2 do partido a romper com Iglesias e lançar uma plataforma alternativa para as eleições regionais em Madri.

A legenda de esquerda radical, que aposta em uma maioria com os socialistas, está desgastada por suas divisões internas. As pesquisas lhe atribuem metade das cadeiras obtidas nas últimas eleições gerais em 2016.

Iglesias também ficou enfraquecido pela polêmica de um chalé comprado no ano passado com sua companheira e número 2 do partido, Irene Montero.

Santiago Abascal - Vox

Ameaçado pelo grupo armado basco ETA em sua juventude, este ex-militante do PP, de 43 anos, quer ser a surpresa eleitoral representando o Vox. Fundada por ex-membros do PP no final de 2013, a legenda é ultranacionalista, anti-imigração e antifeminista. 

As sondagens concedem ao Vox, até o momento, mais de 10% dos votos em um país onde a extrema direita era residual. Desta forma, o partido deverá ser a primeira legenda de extrema direita a ter mais de um assento no Parlamento desde o retorno da Espanha à democracia nos anos 70.

No ano passado, Vox chocou o cenário político espanhol, ganhando inesperadamente 12 cadeiras no parlamento regional da Andaluzia, o que automaticamente lhe garantiu um lugar no Senado da Espanha. "A reconquista (da Espanha) começa na Andaluzia", disse, então, Abascal em um tweet.

Desconhecido até poucos meses atrás, Abascal beneficiou-se de um discurso hostil contra o separatismo catalão. O político do País Basco está ganhando apoio nas pesquisas com a promessa do partido de "tornar a Espanha grande novamente", uma alusão ao "make America great again" do presidente americano, Donald Trump.

Mesmo criticando os meios tradicionais de comunicação e se servindo, principalmente, das redes sociais para fazer campanha, o líder do Vox consegue pautar a agenda midiática com suas polêmicas propostas — entre elas, a liberação da posse de armas.

Leia também:Trump promete retirar EUA de tratado internacional sobre comércio de armas

Embarcando também na retórica anti-imigração de Trump, o líder do Vox pediu que um muro seguro seja construído em torno dos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, e que o Marrocos pague por isso. 

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