As manifestações dos coletes amarelos começaram em novembro contra o presidente e classe política da França
Divulgação/Agência Brasil
As manifestações dos coletes amarelos começaram em novembro contra o presidente e classe política da França

Dois dias depois do presidente da França, Emmanuel Macron, fazer um anúncio com acenos à classe média e aos pobres, os coletes amarelos, movimento constituído sobretudo por estes setores, voltaram às ruas na França. As manifestações, que acontecem pelo 24º sábado consecutivo, já eram esperadas, e foram maiores em Paris e em Estrasburgo.

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Segundo o Ministério do Interior, ao meio-dia, cerca de 5,5 mil  de coletes amarelos marchavam pelo país, sendo 2,6 mil em Paris. Estes números são invariavelmente questionados pelos manifestantes, que posterioremente divulgam sempre os próprios cálculos, sempre superiores, sem corroboração oficial.

Na quinta-feira (25), para atrair setores possivelmente simpáticos à fúria dos revoltosos, Macron participou de uma aguardada entrevista coletiva no Palácio do Eliseu, na qual apresentou o resultado do "grande debate nacional", consulta popular de três meses para escutar as reivindicações do povo francês.

Frequentemente acusado de ser elitista, o presidente anunciou medidas para agradar a classe média e setores pobres, como cortes de impostos, mudanças na elite do serviço público, redução do número de parlamentares e a facilitação de referendos.

Para muitos manifestantes, as medidas não são claras e não passaram de “lero-lero”. "Milhões foram gastos inutilmente para um grande lero-lero, sem nada concreto ao final", escreveu Isabelle Jones em um dos grupos mais acessados pelos manifestantes no Facebook, durante o começo dos protestos neste sábado (27).

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Muitos no movimento, que não têm uma estrutura de liderança e organiza-se a partir de redes sociais, disseram que as propostas de Macron não foram longe o suficiente e não são detalhadas. “Ele não disse nada de concreto”, afirma Pascal Harter, aposentado de 58 anos, protestando em Estrasburgo.

Outro protesto uniu-se ao dos coletes amarelos

Em Paris , outro protesto convocado pela central sindical CGT uniu-se ao dos coletes amarelos no Boulevard Montparnasse, reunindo 3,5 mil pessoas, segundo o Ministério do Interior. O objetivo deste protesto foi dar uma "resposta abrangente" para o governo.

Em Estrasburgo, cerca de dois mil manifestantes se encontraram perto da sede das instituições da União Europeia. Os organizadores haviam planejado tornar o protesto internacional, com uma marcha rumo ao prédio do Parlamento Europeu, um mês antes das eleições parlamentares da UE.

À tarde, diversos confrontos entre manifestantes e policiais aconteceram na cidade. A polícia disparou gás lacrimogêneo para empurrar para trás manifestantes que tentavam marchar em direção ao  Parlamento. Diversos mascarados e vestidos de preto estavam presentes entre os coletes amarelos.

Manifestações também aconteceram em cidades como Bordeaux, Lyon, Toulouse e Cambrai. Em outras cidades, como Lille, Rennes e Rouen, o Estado não autorizou que os protestos acontecessem no centro da cidade.

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Batizados em homenagem aos casacos de alta visibilidade que motoristas franceses usam em acidentes de trânsito, os coletes amarelos começaram suas manifestações em novembro, devido aos aumentos de impostos sobre combustíveis. Os protestos se converteram em uma revolta contra a classe política, com frequência recorrendo à violência.

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