Em discurso, Xi Jinping rebateu as críticas ao projeto
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Em discurso, Xi Jinping rebateu as críticas ao projeto

O presidente chinês, Xi Jinping, rebateu nesta sexta-feira (26) as críticas à iniciativa das Novas Rotas da Seda, com a proposta de projetos "verdes" e financeiramente viáveis, na abertura da segunda cúpula sobre o seu projeto-estrela em Pequim. Xi prometeu "tolerância zero" contra a corrupção nas obras de infraestrutura espalhadas pela Ásia, pela Europa e pela África.

Diante do presidente russo, Vladimir Putin, e de quase quarenta líderes mundiais que compareceram ao encontro, Xi Jinping criticou o protecionismo na economia, em novo ataque às medidas do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, que não enviou representantes à conferência. Washington chama a iniciativa de "projeto vaidoso" e critica a Itália por ter se desgarrado do grupo de grandes economias e aderido ao programa.

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O presidente da segunda maior economia do mundo celebrou pela segunda vez uma reunião de cúpula dedicada às Novas Rotas da Seda, uma iniciativa que pretende desenvolver a infraestrutura em países em desenvolvimento. O embaixador de Pequim em Lima revelou, na quarta-feira, que o Peru será o primeiro país sul-americano a entrar no programa .

O objetivo é estreitar as relações entre o gigante asiático e seus principais sócios comerciais, dos quais Pequim necessita para assegurar tanto suprimentos como mercados. Mas críticos afirmam que a iniciativa favorece as empresas chinesas e que os projetos representam "uma armadilha de dívida" para as nações beneficiárias dos empréstimos concedidos pelos bancos chineses.

Um exemplo da desconfiança é o do Sri Lanka que, ao não conseguir pagar os empréstimos, teve de ceder a Pequim o controle de um porto em águas profundas durante 99 anos.

'Tolerância zero'

Para rebater as críticas, Xi Jinping defendeu projetos "viáveis" para os Orçamentos dos países participantes. "Tudo deve ser feito de forma transparente e devemos ter tolerância zero com a corrupção", afirmou, em discurso de 30 minutos.

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O presidente chinês disse que o país promoverá o desenvolvimento "verde". Alguns projetos previstos, no entanto, como as represas e as centrais de carvão, são considerados danosos ao meio ambiente.

Na quinta-feira, a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, defendeu em Pequim que a China analise as questões ecológicas e de endividamento provocadas por sua iniciativa. Em um discurso, Lagarde pediu "maior transparência, licitações abertas e competitivas e uma avaliação melhor dos riscos na seleção dos projetos".

Desde o lançamento do programa, em 2013, a China investiu US$ 89 bilhões (R$ mais de R$ 350 bilhões) em vários projetos e os bancos emprestaram entre US$ 195 e 295 bilhões, de acordo com Pequim.

Como já fez diversas vezes desde que Donald Trump assumiu a Presidência americana, Xi pediu nesta segunda cúpula que os países digam "não" ao protecionismo. Um apelo repetido pelo presidente russo, que discursou depois do homólogo chinês.

O ex-presidente do Cazaquistão Nursultan Nazarbáyev pediu à União Europeia (UE) que se una à iniciativa chinesa para criar uma "união euroasiática global". Os países ocidentais resistem a aderir ao projeto chinês, cujo nome oficial é "Iniciativa Cinturão e Rota", um cinturão terrestre através da Eurásia e uma rota marítima.

Entre eles, a exceção é a Itália, primeiro país do G7 que se uniu à iniciativa, no mês passado. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, era o único dirigente de um grande país ocidental presente em Pequim nesta sexta-feira, ao lado do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e do presidente suíço, Ueli Maurer. Também estava na conferência o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi.

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"Não é clube reservado para poucos"

Em resposta às preocupações dos Estados Unidos na área comercial, Xi garantiu que seu país continuará com as reformas e a abertura na economia. Entre outras medidas, o líder chinês prometeu abolir os subsídios que mexem com a concorrência, uma exigência dos negociadores americanos, que devem desembarcar na próxima semana em Pequim para uma nova série de negociações para encerrar a guerra comercial entre os dois países.

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