fundador do site WikiLeaks, Julian Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres
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fundador do site WikiLeaks, Julian Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres

A Procuradoria do Equador acusou neste sábado de ataque a sistemas de informática um sueco detido na última quinta-feira e que autoridades apontam como sendo um colaborador do fundador do site WikiLeaks, Julian Assange. Ola Bini foi preso quando tentava viajar para o Japão, no mesmo dia em que Quito retirou o asilo de Assange , que permanecia desde junho de 2012 refugiado na embaixada do Equador em Londres.

"A Procuradoria Geral do Estado formulou acusações contra um cidadão sueco de 36 anos por suposta participação no crime de ataque à integridade de sistemas de informática ", assinala o órgão em um comunicado, acrescentando que um juiz "determinou a prisão preventiva do acusado e o congelamento de suas contas bancárias enquanto se realiza a instrução criminal", que pode demorar até 90 dias.

Sem citar Bini, a ministra do Interior, María Paula Romo, denunciou na última quinta-feira que uma pessoa ligada a Assange estaria envolvida em um plano de desestabilização do presidente Lenín Moreno e havia feito viagens ao exterior com o ex-chanceler equatoriano Ricardo Patiño, que trabalhou no governo de Rafael Correa, ex-aliado com quem Moreno rompeu.

Em meio à disputa entre Assange e o governo de Moreno – que acusava o criador do WikiLeaks de violar os termos do seu asilo ao se intrometer na política de outros países enquanto estava na embaixada –, o sueco Ola Bini teria hackeado mensagens e fotos privadas do presidente equatoriano. O WikiLeaks também divulgou documentos que envolveriam um irmão de Moreno com lavagem de dinheiro no exterior.

A ministra do Interior equatoriana  também apontou dois hackers russos que vivem no Equador e estariam ligados a "ataques sistemáticos" ao governo equatoriano, sem que autoridades tenham confirmado se se tratam de aliados do WikiLeaks . María Paula Romo indicou que Bini é "uma pessoa próxima do WikiLeaks" e que, nos últimos anos, visitou em 12 ocasiões a embaixada do Equador em Londres.

"Há suspeitas de que ele esteja interferindo em comunicações privadas ou usando seus conhecimentos para tal. Isto é um crime, não importando se é feito contra um governo ou contra um cidadão comum", afirmou a ministra ao canal Teleamazonas.

As relações de Assange com seus anfitriões equatorianos azedaram desde a mudança na presidência do Equador, em 2017. Moreno vinha recompondo as relações com os Estados Unidos, estremecidas desde que o antecessor Correa ordenou o fechamento da base americana de Manta, que funcionava em território equatoriano. Ele também acabou de assinar um pacote de ajuda de US$ 4,2 bilhões do Fundo Monetário Internacional.

Leia também: De nazismo nos EUA até corrupção no Brasil: Os arquivos após a prisão de Assange

O presidente equatoriano já havia acusado o fundador do WikiLeaks de ser um mero "hacker" e vinha negociando sua saída da embaixada. Em 2018, Moreno concedeu cidadania a Assange, na expectativa de que o Reino Unido concordasse em garantir sua imunidade diplomática para que ele viajasse a um país que o acolhesse. O governo britânico, no entanto, não concordou com a solução.

Assange era alvo de um processo no Reino Unido sob a acusação de violar os termos da liberdade condicional que lhe havia sido imposta no âmbito de uma investigação de estupro na Suécia. Essa investigação foi posteriormente arquivada pela Justiça sueca, mas os advogados de Assange não conseguiram derrubar o pedido de prisão por violação da condicional. Nesse caso, ele pode ser condenado a até 12 meses de prisão.

A Justiça britânica também examinará um pedido de extradição de Assange feito pelos Estados Unidos, onde ele vinha sendo processado secretamente, segundo revelou a imprensa americana em novembro de 2018. Na última quinta-feira, depois da prisão, promotores americanos informaram que Assange é acusado de conspirar com a ex-analista de Inteligência do Exército dos EUA Chelsea Manning para tentar acessar um computador do governo americano em 2010. A pena máxima prevista para o crime é de cinco anos, segundo o Departamento de Justiça. 

Manning, que servia no Iraque, foi a fonte de documentos militares americanos e de mais de 250 mil telegramas da diplomacia dos EUA vazados em 2010 e 2011 pelo WikiLeaks, a maior parte deles revelando os bastidores da chamada "guerra ao terror". Mais recentemente, a organização publicou e-mails da campanha à Presidência de Hillary Clinton em 2016 que, segundo a Justiça americana, foram obtidos por hackers russos, o que Assange sempre negou. Detida em 2010, Manning foi condenada a 35 anos de prisão, mas teve a pena comutada por Barack Obama depois de cumprir sete.

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