Julian Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres
Sputnik/Reprodução
Julian Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres

Após a prisão de Julian Assange na manhã dessa quinta-feira (11), o Wikileaks disponibilizou todos os arquivos da organização. Documentos secretos de governos de diversos países vieram à público, incluindo mapas de planos militares dos Estados Unidos, investigações do FBI, casos de racismo e até uma investigação sobre a senadora Roseana Sarney (MDB).

Leia também: Veja a trajetória de Julian Assange, fundador do WikiLeaks que foi preso hoje

Não se sabe, ao certo, se entre os arquivos vazados há arquivos novos ou se já haviam sido disponibilizados mas, após a prisão do fundador de Assange , todos estão à disposição para qualquer um que quiser acessá-los. O Twitter oficial do Wikileaks não informou sobre nenhum novo vazamento. 

O Wikileaks é alvo do governo americano desde 2010, quando revelou segredos da "Guerra ao Terror" promovida pelo país. O fundador estava exilado na embaixada do Equador em Londres desde 2012, quando tinha sido exilado da Suécia, onde vivia antes, por uma acusação de estupro. O inquérito foi arquivado algum tempo depois.

Mesmo tendo a cidadania equatoriana, a relação com o país passou a ser mais complicada após a eleição de Lenín Moreno para a Presidência, em 2017. Em março, o governo acusou Assange de vazar informações sobre a vida pessoal do presidente e apontou que ele violou os termos do asilo.

Em um dos arquivos públicos, uma série de documentos revela que a senadora Roseana Sarney possui cerca de U$ 150 milhões em paraísos fiscais pelo mundo todo. O Wikileaks divulgou relatórios, contratos e emails do Julius Baer Bank, banco privado suíço presente em mais de 20 países, envolvendo a parlamentar. O nome do advogado José Brafman, amigo do marido de Roseana, também é citado. Ainda há arquivos do senador Tasso Jereissati (PSDB) no mesmo banco.

Outro arquivo da organização mostra que, em 19 de setembro de 2007, um caminhão da Coca-Cola atropelou 19 crianças que estavam atravessando a rua de uma igreja na Tanzânia. De acordo com o Wikileaks, dez delas morreram e as outras 9 ficaram hospitalizadas.

Leia também: Ativista suspeito de colaborar com fundador do Wikileaks é preso no Equador

O relatório ainda mostra que os moradores do vilarejo de Kiwira, onde o “acidente” aconteceu, colocaram fogo no veículo. O motorista fugiu antes da polícia ser avisada sobre o caso e não é informado se ele foi localizado depois. Nada disso foi divulgado pela mídia na época e o acidente não se tornou público.

Os documentos atingem até o fundador da Apple, Steve Jobs, que faleceu em 2011 por conta de um câncer raro. O Wikileaks, no entanto, divulgou exames que atestariam que o empresário morreu por conta do vírus HIV. No teste da doença, é possível ver o nome completo do empresário, sua data de nascimento e assinatura.

Por outro lado, o documento já havia vazado antes e algumas apurações afirmam que o teste é falso e que o California Pacific Medical Center, onde os testes teriam sido feitos, foi fundado dois anos depois dos exames, em 2006. 

A organização também divulgou diversos documentos do FBI e da CIA, entre eles, um arquivo de 22 páginas sobre a existência de gangues e simpatizantes do nazismo dentro das Forças Armadas dos Estados Unidos. Um dos relatórios do FBI, datado em 23 de setembro de 2004, mostra que a Al-Qaeda e outros grupos terroristas consideravam como alvos sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado de grandes prédios comerciais.

No documento, o FBI detalha outros possíveis planos de ataques terroristas e se mostra preocupado com a segurança dos Estados Unidos, que possui esse tipo de sistema em todos os shoppings, aeroportos e outros locais públicos.

A maioria dos arquivos é de governos de outros países. Sobre o Brasil, de acordo com o Wikileaks, além dos arquivos envolvendo Roseana Sarney e Tasso Jereissati, há uma troca de emails sobre estudantes brasileiros querendo se alistar em facções colombianas. Os documentos, no entanto, parecem ter sido excluídos da plataforma.

Além dos revelados recentemente, o Wikileaks já causou polêmica por conta de vazamentos em outras ocasiões. Em 2010, a organização publicou um vídeo de um helicóptero militar dos EUA atirando em civis em Bagdá, no Iraque. Uma voz na transmissão incita os pilotos a "acenderem tudo". Em 2016, foram divulgados emails da campanha presidencial de Hillary Clinton, onde o chefe de campanha, John Podesta, chama o rival, Bernie Sanders, de “idiota”.

Leia também: Quase irreconhecível, Assange foi levado à força pela polícia britânica; assista

Os arquivos podem ser acessados por qualquer pessoa, no entanto, vale lembrar que nem todas as informações publicadas pelo Wikileaks são comprovadamente verdadeiras. Agora, com Assange na prisão, o futuro da organização é incerto e não há informações sobre futuros vazamentos de outros documentos secretos.



    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!