Acordo do Brexit sofre terceira rejeição no Parlamento britânico

Com 344 votos contra e 286 a favor, o Reino Unido chega cada vez mais perto de sair da União Europeia ter um acordo aprovado pelo Parlamento britânico

Com rejeição de acordos, população marchou em Londres pedindo novo referendo para  o Brexit
Foto: Facebook/ North East for Europe
Com rejeição de acordos, população marchou em Londres pedindo novo referendo para o Brexit

Pela terceira vez, o Parlamento britânico recusou o projeto proposto pela primeira-ministra Theresa May para regulamentar o Brexit, na manhã desta sexta-feira (29). Com 344 votos contra e 286 a favor, o Reino Unido se vê cada vez mais próximo de abandonar a União Europeia sem conseguir negociar os principais acordos que guiariam o período de transição e suas futuras relações comerciais.

O documento, que já havia sido aceito pela União Europeia, trazia duas novas estratégias de May para que o acordo fosse aprovado: seu comprometimento de deixar o cargo caso o projeto fosse aceito e a retirada da declaração política - um documento que delineia como seria a relação entre o Reino Unido com o bloco após o Brexit - dentre os assuntos a serem votados.

Logo após o plenário, May alegou que, com o novo resultado, o Reino Unido irá sair da União Europeia no dia 12 de abril e não em 22 de maio, como havia sido acordado pelo Parlamento na semana passada. Além disso, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou para o dia 10 de abril uma reunião de cúpula com líderes da União Europeia, a fim de debater sobre os próximos passos em torno do Brexit.

May já havia sofrido derrota histórica no Parlamento em janeiro e  duas moções de desconfiança, que poderiam ter retirado a premiê do cargo. Com a nova promessa de renúncia, entretanto, os resultados podem contrários aos esperados, já que a oposição teme que o primeiro-ministro substituto de May seja até mais conservador do que ela.

Segundo o jornal britânico The Guardian o negociador-chefe europeu, Michel Barnier, já afirmava que a possiblidade de que o Brexit sem acordo é a mais "plausível". O mesmo estaria esperando a União Europeia , que se reuniu na manhã de quinta-feira (28) para decidir como se preparar para uma "crise total". 

No encontro em Bruxelas, ainda foram acordados três condições prévias impostas ao Reino Unido: que seja sinalizado, até o dia 18 de abril, que a conta de 39 bilhões de libras será paga ao bloco; que os termos em torno do "backstop" - controle aduaneiro que mais enfrenta barreiras no Parlamento - sejam mantidos; e que sejam respeitados os direitos de residência dos cidadãos e a coordenação social prevista no acordo de retirada. 

O cenário de impasse não descontentou só os agentes envolvidos na negociação, mas também a própria população britânica, que saiu às ruas de Londres, no último sábado (23), a fim de exigir um segundo plebiscito popular para o Brexit