Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Londres neste sábado (23) para exigir um segundo plebiscito sobre o Brexit , em meio ao impasse que travou o processo de saída do Reino Unido da União Europeia.
Segundo os organizadores da manifestação "People's Vote", o ato reuniu mais de 1 milhão de pessoas, mas o número não foi confirmado por fontes independentes. Em outubro passado, um protesto contra o Brexit chegou a reunir 700 mil manifestantes.
A marcha começou na Park Lane, em pleno centro de Londres, e seguiu até a Praça do Parlamento, em um trajeto de cerca de dois quilômetros. A bandeira azul com estrelas amarelas da União Europeia foi onipresente no protesto.
Ao mesmo tempo, mais de 4,2 milhões de pessoas assinaram uma petição online para exigir a revogação da saída do Reino Unido da UE, marcada, a princípio, para ocorrer em 29 de março de 2019. O governo da primeira-ministra Theresa May , no entanto, alega que convocar um novo plebiscito ou abdicar do acordo seria um "golpe na democracia" britânica.
Bruxelas aceitou adiar o rompimento para 22 de maio, porém desde que o acordo, que já foi rejeitado duas vezes pelo Parlamento do Reino Unido, seja aprovado na semana que vem. O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, por sua vez, só autorizará uma terceira votação se houver mudanças "substanciais" no texto, embora a UE tenha fechado as portas para renegociá-lo.
O principal entrave diz respeito ao "backstop", mecanismo que prevê fronteiras abertas entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda em caso de fracasso em futuras negociações comerciais entre Londres e Bruxelas.
Se May não conseguir a aprovação do acordo em casa até o dia 29, ela terá até 12 de abril para reverter a situação ou apresentar um novo plano para o Conselho Europeu. Se neste novo percurso o Reino Unido se dispuser a participar das eleições europeias, ele pode então conseguir um novo aumento de prazo de até vários meses. Caso não esteja disposto, o dia 12 será então o dia de saída do bloco.
A incerteza em torno da questão tem cansado britânicos e líderes de outros países. Emmanuel Macron já disse que um terceiro voto contrário ao acordo na Câmara dos Comuns “conduziria todos a um ‘no deal’ [saída brusca da UE, sem período de transição]”. A alemã Angela Merkel, por sua vez, afirmou que trabalharia até o último minuto para garantir uma saída ordenada e pactuada, mas ponderou: “Nossa margem de manobra é limitada”.
Theresa May não informou se tem um plano B caso mais uma proposta sua seja rejeitada. A primeira-ministra, porém, tem demonstrado que pretende respeitar a decisão do plebiscito de 2016, que decidiu pelo Brexit , ainda que isso signifique sair da União Europeia sem acordo.
* Com informações da Ansa