Um dia após a partida de Jair Bolsonaro (PSL), o presidente chileno, Sebastián Piñera, criticou as opiniões do brasileiro sobre as ditaduras latino-americanas, como a do general Alfredo Stroessner no Paraguai, a ditadura militar no Brasil e a de Augusto Pinochet no próprio Chile. As declarações foram feitas a jornalistas neste domingo (24).
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Piñera disse que algumas frases de Bolsonaro "são tremendamente infelizes" e que não compartilha muito do que o presidente brasileiro diz sobre o tema. Questionado sobre quais seriam essas frases, o chileno citou "quem procura osso é cachorro", que estampava um cartaz pendurado na porta do gabinete de Bolsonaro quando ainda era deputado. A frase faz menção aos guerrilheiros do Araguaia desaparecidos durante a ditadura militar brasileira.
Nos dois dias da visita, do lado de fora do Palácio da Moeda (Palacio de La Moneda, em espanhol) e em outros pontos de Santiago, houve manifestações contra Bolsonaro por parte de estudantes e defensores dos direitos humanos. Ao chegar, o presidente brasileiro disse que "protestos assim existem onde quer que eu vá, mas o importante é que, no meu país, fui eleito por milhares de brasileiros".
No ano passado, após a vitória de Bolsonaro nas eleições, Sebastián Piñera disse que o brasileiro havia obtido "uma enorme conquista", algo que voltou a repetir publicamente no sábado (23). Na mesma época, contudo, o chileno também disse ter "discrepâncias profundas em algumas áreas e coincidências importantes em outras".
Ainda naquela ocasião, Piñera falou sobre as declarações consideradas racistas e homofóbicas do presidente brasileiro. "Obviamente essas afirmações sobre condutas homofóbicas e pouco respeitosas com relação às mulheres são afirmações com as quais eu definitivamente não estou de acordo", enfatizou o chileno.
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Piñera condena a ditadura pinochetista (1973-1990), celebrada por Bolsonaro, e sempre fez questão de dizer que votou a favor do fim do regime militar no plebiscito de 1989. O presidente brasileiro, por sua vez, já fez elogios públicos ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, líder das torturas durante a ditadura militar brasileira, e, mais recentemente, ao general Stroessner, ditador paraguaio que também era pedófilo.