A Coreia do Norte considera suspender as negociações com os Estados Unidos sobre uma desnuclearização e pode retomar seus testes nucleares e de mísseis, a menos que Washington faça concessões, segundo afirmou uma diplomata norte-coreana nesta sexta-feira (15).
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A vice-ministra do Exterior da Coreia do Norte
, Choe Son-hui, culpou autoridades americanas pelo fracasso da cúpula realizada no mês passado em Hanói, no Vietnã, entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.
"Não temos a intenção de ceder às exigências dos EUA [feitas em Hanói] de nenhuma forma, nem estamos dispostos a participar de negociações desse tipo", disse Choe.
As declarações da diplomata representam a primeira insinuação do regime norte-coreano sobre uma possível ruptura do diálogo entre Pyongyang e Washington.
Segundo a vice-ministra, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, "criaram uma atmosfera de hostilidade e desconfiança e, portanto, obstruíram o esforço construtivo para negociações entre os líderes supremos de Coreia do Norte e Estados Unidos".
Choe afirmou que Washington abandonou uma oportunidade de ouro na cúpula de Hanói e avisou que Kim pode repensar a moratória sobre lançamento de mísseis e testes nucleares.
"Quero deixar claro que a posição de gângster adotada pelos EUA acabará colocando a situação em risco", afirmou a vice-ministra, citada pela agência de notícia Associated Press. "As relações pessoais entre os dois líderes supremos são boas, e a química é misteriosamente maravilhosa", explicou.
A Coreia do Sul – que ostenta uma agenda ambiciosa de envolvimento com a Coreia do Norte, plano que depende de Pyongyang e Washington resolverem ao menos algumas de suas diferenças – afirmou ser cedo demais para analisar o significado dos comentários de Choe.
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"Não podemos julgar a situação atual com base apenas nas declarações da vice-ministra Choe Son-hui. Estamos observando a situação de perto. Em qualquer situação, nosso governo tentará retomar as negociações entre a Coreia do Norte e os EUA", afirmou o gabinete presidencial sul-coreano.
Mais cedo nesta sexta-feira, uma porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul disse que a reunião semanal intercoreana que deveria ocorrer em Kaesong, na Coreia do Norte, foi cancelada depois que Pyongyang comunicou que não enviaria funcionários do alto escalão. A porta-voz disse que Seul não sabe por que autoridades norte-coreanas decidiram não comparecer.
O presidente dos Estados Unidos , Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, não chegaram a um acordo nesta segunda cúpula, organizada no Vietnã, a respeito da desnuclearização norte-coreana e das sanções norte-americanas ao país oriental.
Uma declaração da Casa Branca afirma que "os dois líderes discutiram diversos meios para avançar a desnuclearização e conceitos econômicos", mas "nenhum acordo foi fechado desta vez". Ainda assim, os ambas as equipes esperam se encontrar no futuro.
Único a falar com a imprensa, em entrevista coletiva, Trump declarou: "Basicamente, eles queriam que as sanções fossem suspensas por completo, mas nós não poderíamos fazer isso. Portanto, precisávamos nos retirar", disse. "A gente tinha os papéis prontos para serem assinados, mas prefiro fazer do jeito certo do que fazer correndo", ponderou o magnata.
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Os Estados Unidos foram para o encontro com o objetivo de convencer Kim a desmantelar totalmente o Complexo de Yongbyon, local chave para a Coreia do Norte armazenar suas armas nucleares. Já o ditador norte-coreano, por sua vez, exigiu o fim das sanções, o que foi considerado por Trump como um "desnível" na expectativa entre as nações.